Além dele, estão envolvidos e igualmente presos o advogado que vem atuando na operação Lava Jato (ainda não se sabe bem em defesa de quem) Edson Ribeiro, o jovem banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, e o chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral, Diogo Ferreira. O denunciante foi o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o ator Bernardo Cerveró.
Sem pestanejar, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, pronta e adequadamente, se manifestou sobre o episódio: “O Senado Federal corre o risco de se autodestruir institucionalmente e jogar uma pá de cal na nossa jovem democracia”.
Felizmente, porém, o bom senso venceu, e nada disso aconteceu. Ao contrário, a resolução dos senadores que ratificou a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal – a de manter o senador preso – aumentou nos brasileiros a fé no regime democrático, único capaz de permitir que as instituições funcionem. E mais: ao demonstrar que as instituições estão funcionando, apesar da grave crise por que passamos, reacendeu em nós a esperança de que, brevemente, o país rapidamente possa encontrar a solução para os problemas que o afligem.
Todavia, após a prisão do senador Delcídio do Amaral, os brasileiros, novamente estupefatos, tomaram conhecimento da nota do presidente do PT, Rui Falcão, que, agravada com o que disse depois, poderá sugerir ao ex-líder a delação premiada. “Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador tem qualquer relação com sua atividade partidária. Por isso, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade”.
Na última segunda-feira, Falcão ainda afirmou que o “senador traiu a confiança” do seu partido e da presidente Dilma Rousseff: “Todos sabemos que há uma seletividade nas investigações da Lava Jato, como também são nítidas as manobras para criminalizar o PT como instituição. Nada disso, contudo, exime o senador do delito de usar seu cargo em benefício próprio, com prejuízos para o PT, o governo e o próprio país”.
Como se viu, o tratamento dado ao ex-líder do governo no Senado passou muito longe daquele que o partido dispensou ao ex-ministro José Dirceu e ao seu tesoureiro João Vaccari Neto. Sobre o primeiro, foi dito o seguinte: “Ele é réu no processo, não apresentou a sua defesa. Até que isso se dê, temos que partir da presunção de inocência, e não da presunção de culpa”. Já sobre o segundo, o PT declarou que “considera um equívoco a condenação, sem provas, do companheiro João Vaccari Neto, que construiu sua história nas lutas dos trabalhadores”.
As pessoas que visitaram na prisão o senador petista contaram que ele se sente abandonado pelo ex-presidente Lula e pelo partido e que considera a posição que o PT tomou “uma covardia atroz”. “Deixe estar, os dias se sucedem”, disse um interlocutor do ex-líder.
O país agradeceria muitíssimo se, ao lado da delação premiada do senador e ex-líder do governo no Senado, surgissem, conjuntamente, as renúncias da presidente Dilma e dos presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Um alívio!
Acreditemos nisso, leitor!
Acílio Lara Resende
Nenhum comentário:
Postar um comentário