Apesar dos longos (mais de meio século!) e incansáveis anos de estrada, vivo, sinceramente, nestes últimos tempos, momentos de absoluta perplexidade, embora ainda consiga conter a raiva. Às vezes, acho que estou vivendo um pesadelo, que vai acabar quando chegar a hora de despertar. Ou, então, um filme. Aliás, mais para um filme de horror, pois não creio ainda que tudo isso que estou vendo seja verdade.
O que se especula, no meio político e mesmo fora dele, é sobre quem, do contingente político, na República (que é coisa pública, leitor!), no Estado ou no município, será o próximo. Continuará a ser alguém do PT ou será do PMDB? Ou, ao contrário, o bicho, finalmente, vai pegar a oposição? Para mim, não haverá mais surpresas.
Por essas e por outras é que me pergunto e pergunto a você, leitor, e aos políticos que ainda têm um mínimo de honradez e dignidade (ou estou sendo ingênuo?): não teria já chegado a hora de um acordo entre a presidente da República, Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, com vistas à renúncia dos três? Pois estão – os três – implicados (trato, agora, só deles, bem como deixo de lado, por ora, o vice-presidente Michel Temer) em denúncias gravíssimas, de crimes diferentes.
Por que não refletem sobre esse ato de grandeza e o assumem ainda (olhe aí, de novo, o advérbio) a tempo de receberem, no juízo da história, algum registro favorável? Não são seres humanos? São seres de outro planeta? Não se acham culpados pelo que têm feito à nação brasileira? Que falta aos três, finalmente, para que enxerguem, com desassombro, a realidade dramática que ameaça, por culpa deles, o futuro promissor e de paz do nosso país?
Vivemos, hoje, leitor, não apenas o mar de lama que cobriu de dor a bela e inesquecível Mariana, atolada que foi, uma vez mais, pela irresponsabilidade criminosa do poder público. Vivemos, sim, em meio a um mar de lama muito maior do que esse ou do que aquele que, um dia, foi objeto de vigoroso discurso de um grande e inesquecível mineiro, Afonso Arinos de Mello Franco.
Permita-me, leitor, o desabafo, que já vem de longe, de muitos anos, e que quase me sufoca. Não tenho tribuna, senão (ainda) a maior delas, a liberdade de expressão, que me permite, deste cantinho, suplicar aos três que, pelo menos uma só vez, dirijam o olhar sobre nosso sofrido povo e concluam depressa que tudo tem a sua hora, e a hora, agora, é de grandeza e desprendimento.
Deixe de lado as filigranas jurídicas, presidente, e não permita que seu governo se transforme num estuário de lama nem exploda na desordem. E confie na verdade. E, “se não é possível saber o que é a verdade, é perfeitamente possível saber o que é a mentira”.
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