O maior medo dos socialistas sempre foi o predomínio e o êxito das ideias liberais clássicas, do liberalismo econômico, do neoliberalismo ou de qualquer outro padrão análogo que conseguisse comprovar que quanto menor o papel do estado, melhor e mais qualificada a vida da sociedade organizada através de seus próprios meios e regramentos. Adam Smith foi quem introduziu a expressão “mão invisível”, ao entender e preconizar que a inexistência de uma “entidade” que comandasse os interesses das nações não significaria o caos, mas sim um sistema que se autorregulasse de modo espontâneo através da interação de indivíduos.
Em paralelo, a instabilidade social e a derrocada econômica criadas e reiteradas por modelos insustentáveis de gestão com inspiração socialista, vêm a comprovar e a consagrar o maior pesadelo que pode acometer a uma doutrina rica em teoria, mas miserável em suas práticas. Ainda pior do que isto, salvo raras exceções, o socialismo apresenta-se como um modelo que não aprende com o passar do tempo, não se nutre do valioso ensinamento que os fracassos proporcionam e que, ao tentar reedições de teses sem respaldo na realidade, não coleciona o bom senso, a prudência e a tão importante responsabilidade social, para com a coisa pública e o erário.
O contemporâneo de Smith, o conservador pensador irlandês Edmund Burke, era um sujeito bem mais polêmico do que o primeiro e se posicionava como crítico das ideias que inspiraram a Revolução Francesa. A Constituição Britânica, para Burke em especial, era a fonte maior de inspiração, pois continha as experiências produzidas por séculos de costumes, conceitos e instituições, capazes de livrar a sociedade dos vícios, da decadência implícita no recém lançado modelo revolucionário francês.
Tudo isto apenas para dizer que, em se falando de modelos, nossas opções enquanto sociedade persistem em navegar entre os péssimos e os ruins, entre os ineficientes e os insustentáveis, sempre refutando a afluência econômica do pensamento liberal e a segurança do conservadorismo. Ao contrário, nossa precária autoestima e ignorância nos tornam presas fáceis dos discursos e práticas efêmeras, desleais e improváveis do socialismo, cuja adoção redunda na erosão de valores adquiridos e na inexorável e recidiva pobreza.
Não carecemos de experiências, mas sim de aprendizado. Temos história, mas não contemplamos a memória e, ao refugar o aprendizado que poderia atuar a nosso favor, optamos por refazer a história sem lembranças. A inflação, por exemplo, é um fenômeno que pode ser evitado ou minimizado, muitas vezes, apenas pela reedição de medidas conservadoras e pragmáticas já testadas e exitosas. O mesmo com focos de corrupção. A insistência em não aprender com os traumáticos episódios envolvendo bilhões roubados revela a intenção da reedição, o descaso para com a punição e a vontade de persistir no crime. Este é o problema que vem com o socialismo precário e que pode ser resolvido de modo mais célere com práticas que levaram outras sociedades a situações bem mais favoráveis do que a nossa. Desta foram, não insistiríamos em fazer como na Venezuela, quando deveríamos colecionar boas práticas inglesas ou americanas. Não cometeríamos erros como os da Argentina, recusando os legados chilenos ou australianos.
Este é o momento ideal para pensarmos em melhorar práticas, repelir modelos ineficientes, adotar sistemas e regras mais fluidas e eficazes. O ocaso do modo socialista deve servir não para sepultá-lo, mas para adiá-lo sine die. O caos político e econômico brasileiro tem de gerar aprendizado e promover o amadurecimento de um país que está sem governo não porque adotou um modelo híbrido, com toques liberais, mas porque foge da polícia, da hora em que acorda à hora em que volta, temeroso, a dormir.
Este é o principal motivo pelo qual este governo tem de acabar.
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