quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Valor anual por aluno no Brasil está entre os cinco piores

Apesar de o Brasil ter investido 17,2% de todo o orçamento de 2012 apenas em educação, porcentagem muito superior a da Noruega (14%) e a do Canadá (12%), a desigualdade dentro deste investimento pesa. O Brasil assume as últimas posições quando o assunto é valor investido anualmente por aluno. Enquanto a média dos 34 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de US$ 9.317 (R$ 34.619), o valor investido no estudante da rede pública brasileira, do ensino básico ao superior, é de US$ 3.441 (R$ 12.785).

Os dados fazem parte do relatório Education at a glance 2015, elaborado pela entidade para avaliar diversos aspectos da educação no mundo entre países da OCDE e parceiros. A pesquisa, divulgada nesta terça-feira, 24, apresenta os valores de investimento em dólar americano convertido pela metodologia de paridade do poder de compra. Ou seja, as moedas são equalizadas via poder aquisitivo e não pela taxa de câmbio.

O ranking de investimento anual por aluno é liderado por Luxemburgo (US$ 21.998), Suíça (US$ 15.859), Noruega (US$ 15.393), Áustria (US$ 13.297) e Bélgica (US$ 12.936). O Brasil entra na lista dos cinco piores países: Brasil (US$3.441), México (US$3.233), Turquia (US$3.072), Colômbia (US$2.898) e Indonésia (US$1809). Os dois últimos, assim como o Brasil, não são membros da OCDE, mas parceiros.

“O Brasil ainda tem uma demanda educacional enorme, precisamos incluir muita gente. O que significa que, se incluir mais alunos sem aumentar o investimento em relação ao PIB, o custo por estudante vai diminuir. Por isso, a luta pelos 10% do PIB para educação é importante, para que tenhamos um investimento que garanta padrão mínimo de qualidade”, diz o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. “Mesmo se resolvêssemos os problemas de gestão, o investimento por aluno que temos hoje não garante a educação. E, com a corrupção, isso é pior ainda.”

No entanto, para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tixeira (Inep), Chico Soares, o Brasil está melhorando. “É impossível pegarmos um dado e levá-lo para o primeiro mundo. Não posso querer gastar na educação o mesmo que a Áustria gasta. E a saúde, o saneamento, o transporte, a segurança? Estamos gastando um terço [da média dos países da OCDE] porque isso corresponde à nossa situação. Em termos de esforço, estamos avançando.”

Além disso, o relatório ressalta uma desigualdade na aplicação do dinheiro. O ensino superior brasileiro recebe 3,4 vezes mais recursos que os anos iniciais do ensino fundamental.

Enquanto a média de remuneração anual de professores em início de carreira de países da OCDE é de US$29,8 mil (R$ 110,8 mil), o valor pago a este mesmo docente no Brasil é de US$12 mil (R$44.588). 
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