quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Peruano processa empresa alemã por degelo nos Andes

Um pequeno agricultor peruano entrou nesta terça-feira com uma ação contra a empresa alemã de energia RWE no tribunal da cidade de Essen. Saúl Luciano Lliuya afirmou ser vítima dos efeitos das mudanças climáticas na região onde vive e pede uma reparação da empresa alemã, considerada uma das maiores emissoras de gases poluentes da Europa.

O agricultor disse que não esperava que sua causa fosse chegar tão longe quando entrou em contato com a ONG alemã Germanwatch durante a Conferência do Clima da ONU (COP20) em dezembro de 2014, em Lima. "Não esperava tanta repercussão, mas as mudanças climáticas interessam a todos", declarou.

O agricultor e guia de montanha vive e trabalha em Huaraz, uma cidade cerca de 450 quilômetros ao norte de Lima e localizada na Cordilheira Branca, no norte dos Andes peruanos.

Depois de ver com seus próprios olhos como o volume do lago glacial de Palcacocha aumenta gradualmente por causa do degelo, e preocupado com as consequências trágicas – como inundações – que o transbordamento ou rompimento da barragem poderiam acarretar para sua cidade, Lliuya decidiu pedir ajuda para a ONG especializada em mudanças climáticas.

Lago  Palcacocha
"Todos os anos eu subo [nas montanhas] Alpamayo, Chupicalqui e Huascarán e vejo que o degelo está cada vez mais preocupante, razão pela qual me atrevo a entrar com a ação. É algo injusto: os que menos poluem são os mais afetados pela mudanças climáticas", afirmou Lliuya.

Depois de analisar quais são as 50 empresas que mais poluem em nível mundial, a ONG alemã aconselhou Lliuya a apresentar uma ação individual contra a RWE para obter fundos para a construção de um dique que possa prevenir uma possível inundação da cidade e garantir a segurança dos turistas europeus e americanos que visitam a região caso haja o colapso da represa do lago de Palcacocha.

De acordo com a Germanwatch, tendo em conta que a RWE é a principal emissora de CO2 em nível europeu e responsável por 0,5% das emissões em nível mundial desde o início da Revolução Industrial – segundo um estudo publicado em 2014 –, ela teria que disponibilizar cerca de 17 mil dos 3,5 milhões de euros que deveriam ser investidos para evitar o possível colapso do lago glacial. Um valor simbólico, mas que, segundo a ONG, "seria um primeiro passo importante para a causa".

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