Há um prejuízo não contabilizado até agora na falência econômica múltipla produzida no Brasil pelo conjunto da obra Dilma-Lula-PT; é difícil fazer as contas dessa perda no momento, e continuará sendo difícil mesmo depois que o país, em algum dia do futuro, sair da recuperação extrajudicial onde está atolado após cinco anos de desgoverno contínuo, com a assinatura da atual presidente, somados a mais oito de “esquenta”, com a assinatura do seu “ex“ no cargo. O prejuízo em questão é o atraso que o Brasil está contratando hoje para o seu desenvolvimento de amanhã.
A dificuldade em identificar um número capaz de medir com precisão quanto isso vai custar está no nevoeiro que necessariamente envolve cálculos a respeito do que poderia ter acontecido e não aconteceu ─ no caso, aliás, tudo o que não aconteceu de bom e o muitíssimo que aconteceu de ruim em quase treze anos corridos de aposta do governo no lado que perde. Mas todo mundo já pode contar que a recuperação da economia, quando vier, sofrerá com uma quantidade de espinhos muito maior do que seria razoável. É a proverbial “bomba de efeito retardado”.
O nome do problema, em termos simples, é: perda de tempo. Ela vai se traduzir, na prática, em perda de oportunidades, de energia, de mercados, de musculatura para competir, de competência tecnológica, de lugar na fila. O Brasil voltará a funcionar, mais cedo ou mais tarde ─ mas verá, com frustração, que seu motor não estará rendendo o suficiente para girar na velocidade necessária. Verá na sua frente competidores que ainda há pouco tempo estavam lá para trás e, pior que isso, descobrirá que ficou difícil emparelhar com eles.
Vai constatar que outros estarão ocupando os espaços que vem perdendo agora, e aqueles em que precisaria entrar. Vai verificar que perdeu escala, carrega custos excessivos em tudo o que faz, trabalha com produtividade baixa. Vai se surpreender com a descoberta de que é um país pura e simplesmente atrasado, que produz pouco, mal e caro. O Brasil não faz hoje o seu dever; não vai entregar amanhã o resultado. Num mundo que avança cada vez mais rápido, se arrasta como um carro de boi.
O México acaba de superar o Brasil como o maior produtor de carros da América Latina. A Africa dos sonhos da politica externa de Dilma, de Lula e do PT, em cima da qual o Itamaraty imagina construir a supremacia mundial do Brasil, é cada vez mais um competidor agressivo no mercado de matérias primas e na produção agrícola, a única área em que as coisas vão bem por aqui; o seu grande parceiro e aliado na vida real de hoje é a China. Enquanto dezenas de países pelo mundo afora assinam tratados de livre comércio entre si, e com isso aumentam de imediato suas exportações, empregos, renda, arrecadação pública e a produção geral de suas economias, o Brasil fica olhando sem fazer nada; acha que procurar este tipo de acordo é executar uma diplomacia de direita, e precisamos de uma diplomacia de esquerda.
Nossas prioridades externas são os maiores perdedores econômicos existentes hoje na face da Terra – Venezuela, Argentina, o Babaquistão do Oeste e por aí afora. Não existe, nesta corrida internacional, uma questão de “espírito olímpico”, onde o importante não é ganhar vantagens meramente comerciais, e sim pregar o evangelho dos povos desfavorecidos. Ao contrário, a única coisa que importa é ganhar, pois quem ganha é o bem estar, a prosperidade e o futuro dos cidadãos beneficiados pelo aumento do comércio e da produção. Na mesma estrada, em sentido inverso, quem perde não é o “país” – são os brasileiros, que em 2015, até o dia 30 de setembro, já perderam mais de 650.000 empregos (mais de 1,2 milhão, nos últimos doze meses) e que precisam desesperadamente do trabalho que estariam tendo se o governo entendesse que o comércio externo é uma das chaves do progresso interno – e um motor do avanço social.
Na hora de correr atrás do que foi perdido vai se ver como ficou cara essa conta.
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