quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Noite de terror em Brasília foi obra de profissionais da subversão

Se tem tromba de elefante, presas de elefante, orelhas de elefante, altura de elefante, vive em grupos como os elefantes e locomove-se como um deles, só pode ser um elefante, concorda?

O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Partido Popular, ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro, discorda. Segundo ele, pode ser um “black bloc”.

Bolsonaristas acampados à porta do QG do Exército, em Brasília, alguns vestidos com a camisa amarela da Seleção, queimaram carros e ônibus no centro da cidade e depredaram prédios.

Mas não foram eles quem Nogueira viu em ação, foram os “black blocs”, anarquistas e integrantes de movimentos que costumam se juntar para protestar com violência contra o que os incomoda.

Nogueira escreveu no Twitter:

“Eles têm cara de Black Blocs, jeito de Black Blocs, fúria de Black Blocs, cheiro de Black Blocs e violência dos Black Blocs, que não existiram durante todo o governo Bolsonaro. Será coincidência ou a volta deles?”

A última aparição dos “black blocs” por estas bandas foi em junho de 2013, quando engrossaram as manifestações contra o aumento das passagens de ônibus que quase derrubaram o governo Dilma.

Naquela ocasião, ouvi de Eduardo Paes, então prefeito do Rio: “Fomos salvos pelos “black blocs”. Se não fossem eles, os protestos aumentariam e os governos poderiam ser levados de roldão”.

Nogueira não sabe o que fala, mas sabe o que quer dizer: isentar de culpa pela baderna os bolsonaristas golpistas e sugerir que grupos de anarquistas infiltrados e a serviço do PT foram os culpados.


O que aconteceu em Brasília na noite da última segunda-feira, estendeu-se pela madrugada da terça e poderá se repetir até a posse de Lula, foi obra de agentes profissionais da subversão.

Por que as polícias do Distrito Federal não prenderam nenhum? Porque não era para prender, ora. Porque muitos são militares da ativa e da reserva ou parentes do que chamam de “família militar”.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do governo do Distrito Federal justificou:

“A SSP/DF destaca que, para redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes”.

Enquanto o centro de Brasília pegava fogo, Anderson Torres, ministro da Justiça, jantava. Nogueira disse que cenas como aquelas nunca “existiram durante todo o governo Bolsonaro”. Oi!

O governo Bolsonaro deixou de existir? Quem é o presidente do Brasil até o último minuto do próximo dia 31? Quem ordenou a abertura dos portões do Palácio da Alvorada na noite do domingo?

Os bolsonaristas foram avisados antes da meia-noite do domingo que os portões estavam abertos para quem quisesse acampar nos jardins do palácio, e centenas deles rumaram para lá.

Foram bem tratados ao longo da segunda-feira. Não lhes faltou comida providenciada por Michelle Bolsonaro. No fim da tarde, em rápida aparição, Bolsonaro saudou-os em silêncio.

Enquanto eles voltavam para a porta do QG do Exército, Bolsonaro recepcionou o blogueiro Oswaldo Eustáquio que, com medo de ser preso, pediu refúgio no palácio. Se ainda está lá, não se sabe.

Apenas 5 horas separam o histórico discurso feito pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, no ato da diplomação de Lula, do início da baderna.

No discurso, o ministro prometeu punir todos os que antes, durante e depois das eleições atentaram contra a democracia. A resposta planejada nas trevas foi dada de imediato.

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