A humanidade se encontra numa "situação de emergência planetária": crises ambientais e de segurança se potencializam mutuamente, de modo perigoso. Desmatamento, derretimento de geleiras e poluição oceânica por plástico ocorrem simultaneamente ao aumento das mortes em conflitos, de gastos armamentistas e do número de seres humanos em risco de passar fome. A pandemia desencadeada pelo vírus Sars-Cov-2 gerou novos perigos.
Um exemplo é a Somália, país do Leste da África em que seca persistente, associada a pobreza, falta de assistência e um governo fraco, precipitaram a população nos braços do grupo extremista islâmico Al-Shabab. Também a América Central sofre: safras perdidas devido às mudanças climáticas, aliadas a violência e corrupção, provocaram êxodo em direção aos Estados Unidos.
Falta um plano transnacional, o mundo "vai tropeçando" para uma nova e complexa situação de perigo.
Guaico (Colômbia) |
Em sua análise Meio ambiente da paz: Segurança numa nova era de risco, a organização de pesquisa da paz Stockholm International Peace Research Institute (Sipri) traça um quadro da situação mundial perante crises cada vez mais complexas e imprevisíveis. De início inquietante ao extremo, o estudo conclui acenando com esperanças.
"Natureza e paz estão tão estreitamente ligadas, que os danos a uma prejudicam a outra, enquanto o fomento a uma fortalece a outra. É preciso agir, e a hora é agora", observou à DW Dan Smith, diretor do instituto sueco reconhecido mundialmente por seus relatórios anuais sobre exportações internacionais de armamentos.
O Sipri divulgou seu novo estudo nesta segunda-feira (23/05), pouco antes da abertura no 9º Fórum de Estocolmo sobre Paz e Desenvolvimento como um toque de despertar para os políticos e outros tomadores de decisões. Pois alguns governos não reconheceram a gravidade da crise, olham para ou outro lado ou até mesmo acirraram a insegurança, aponta o instituto.
"Outros chefes de Estado e governo, por sua vez, gostariam de agir, mas têm outras prioridades que exigem urgentemente tempo e atenção, como a pandemia de covid-19 dos últimos dois anos, ou, atualmente, a guerra na Ucrânia", diz Smith.
Em suas 93 páginas, o estudo descreve as consequências globais que ocorrências regionais podem ter num mundo interconectado, quando catástrofes meteorológicas causadas pelas mudanças climáticas e pela pandemia de covid-19 ameaçam as cadeias de abastecimento mundiais.
Violência e destruição de safras tornam a vida insuportável para muitos agricultores, contribuindo para grandes ondas migratórias. Além disso, os conflitos armados entre nações dobraram em número entre 2010 e 2020, sendo atualmente 56.
Também dobrou o contingente de refugiados e desterrados, até 82,4 milhões. Além disso, em 2020 houve um incremento das ogivas nucleares, após anos de redução; e no ano seguinte pela primeira vez os gastos militares globais ultrapassaram a marca dos 2 trilhões de dólares.
Os principais atingidos, são "frequentemente países que já sofrem pela pobreza e má governança", advertem os 30 autores do instituto de pesquisa da paz e de outras instituições, acrescentando que "a sociedade humana pode estar mais rica do que antes, porém é inegavelmente mais insegura".
A análise também esboça uma situação ambiental catastrófica, com um terço das espécies vegetais e animais ameaçadas de extinção. A qualidade do solo decai, "enquanto a exploração de recursos naturais, como florestas e peixes, se mantém num nível insustentável", e a mudança climática global gera extremos meteorológicos cada vez mais frequentes e intensos.
Para a comissária da União Europeia do Meio Ambiente, Margot Wallström, a pandemia de covid-19 demonstrou "que risco corremos, se não nos prepararmos". Os governos "devem avaliar os riscos à frente, desenvolver a capacidade de lidar com eles e tornar mais resistentes as sociedades", apela a ex-ministra do Exterior da Suécia, que integra o grêmio internacional de especialistas que assessora a iniciativa "Meio ambiente da paz" do Sipri.
A Coreia do Sul deu um exemplo de como agir de forma preventiva, frisam os pesquisadores da paz: empregando as lições do surto do vírus Sars em 2002, ela conseguiu restringir sua taxa de mortalidade pela covid-19 a 10% da de outros Estados de população equivalente, evitando assim grande parte das sequelas econômicas e sociais sentidas em outros países "que não haviam se preparado devidamente para a pandemia".
Os autores do Sipri também indicam possíveis saídas para a crise global, como diretrizes para os tomadores de decisões políticas. Assim, são necessárias visões de longo prazo, mas também ações imediatas, a fim de enfrentar as ameaças comuns. E em todos os processos decisórios, desde os comunais até as Nações Unidas, deve-se sempre integrar os indivíduos mais atingidos.
Os chefes de Estado e governo precisam agir, até mesmo em interesse próprio: "Eles sabem que a destruição ambiental gera mais insegurança. Como necessitam segurança, precisão combater a destruição, e só podem fazer isso conjuntamente." Um exemplo positivo seria a declaração conjunta da China e EUA para cooperação na proteção climática, feita durante a Conferência do Clima da ONU (COP 26), em novembro último.
Dan Smith confere à Alemanha, enquanto grande potência econômica, um papel político importante na configuração das reformas necessárias. O país foi primeiro "que manifestou no Conselho de Segurança da ONU a conexão entre as mudanças climáticas e os riscos à segurança". Agora, ele pode liderar uma guinada energética "que se liberte não só dos combustíveis fósseis de origem russa, mas desses combustíveis em geral".
"Outros chefes de Estado e governo, por sua vez, gostariam de agir, mas têm outras prioridades que exigem urgentemente tempo e atenção, como a pandemia de covid-19 dos últimos dois anos, ou, atualmente, a guerra na Ucrânia", diz Smith.
Em suas 93 páginas, o estudo descreve as consequências globais que ocorrências regionais podem ter num mundo interconectado, quando catástrofes meteorológicas causadas pelas mudanças climáticas e pela pandemia de covid-19 ameaçam as cadeias de abastecimento mundiais.
Violência e destruição de safras tornam a vida insuportável para muitos agricultores, contribuindo para grandes ondas migratórias. Além disso, os conflitos armados entre nações dobraram em número entre 2010 e 2020, sendo atualmente 56.
Também dobrou o contingente de refugiados e desterrados, até 82,4 milhões. Além disso, em 2020 houve um incremento das ogivas nucleares, após anos de redução; e no ano seguinte pela primeira vez os gastos militares globais ultrapassaram a marca dos 2 trilhões de dólares.
Os principais atingidos, são "frequentemente países que já sofrem pela pobreza e má governança", advertem os 30 autores do instituto de pesquisa da paz e de outras instituições, acrescentando que "a sociedade humana pode estar mais rica do que antes, porém é inegavelmente mais insegura".
A análise também esboça uma situação ambiental catastrófica, com um terço das espécies vegetais e animais ameaçadas de extinção. A qualidade do solo decai, "enquanto a exploração de recursos naturais, como florestas e peixes, se mantém num nível insustentável", e a mudança climática global gera extremos meteorológicos cada vez mais frequentes e intensos.
Para a comissária da União Europeia do Meio Ambiente, Margot Wallström, a pandemia de covid-19 demonstrou "que risco corremos, se não nos prepararmos". Os governos "devem avaliar os riscos à frente, desenvolver a capacidade de lidar com eles e tornar mais resistentes as sociedades", apela a ex-ministra do Exterior da Suécia, que integra o grêmio internacional de especialistas que assessora a iniciativa "Meio ambiente da paz" do Sipri.
A Coreia do Sul deu um exemplo de como agir de forma preventiva, frisam os pesquisadores da paz: empregando as lições do surto do vírus Sars em 2002, ela conseguiu restringir sua taxa de mortalidade pela covid-19 a 10% da de outros Estados de população equivalente, evitando assim grande parte das sequelas econômicas e sociais sentidas em outros países "que não haviam se preparado devidamente para a pandemia".
Os autores do Sipri também indicam possíveis saídas para a crise global, como diretrizes para os tomadores de decisões políticas. Assim, são necessárias visões de longo prazo, mas também ações imediatas, a fim de enfrentar as ameaças comuns. E em todos os processos decisórios, desde os comunais até as Nações Unidas, deve-se sempre integrar os indivíduos mais atingidos.
Os chefes de Estado e governo precisam agir, até mesmo em interesse próprio: "Eles sabem que a destruição ambiental gera mais insegurança. Como necessitam segurança, precisão combater a destruição, e só podem fazer isso conjuntamente." Um exemplo positivo seria a declaração conjunta da China e EUA para cooperação na proteção climática, feita durante a Conferência do Clima da ONU (COP 26), em novembro último.
Dan Smith confere à Alemanha, enquanto grande potência econômica, um papel político importante na configuração das reformas necessárias. O país foi primeiro "que manifestou no Conselho de Segurança da ONU a conexão entre as mudanças climáticas e os riscos à segurança". Agora, ele pode liderar uma guinada energética "que se liberte não só dos combustíveis fósseis de origem russa, mas desses combustíveis em geral".
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