Uns mais, outros menos, todos os governos desde Deodoro caíram na farra, com destaque para os autoritários e para os que se elegeram como vestais. Os primeiros, pelo motivo óbvio: quanto mais ditadura, mais censura e menos controle pelas leis, pela sociedade e pela imprensa, donde mais corrupção. O famoso mar de lama em que o governo constitucional de Getúlio Vargas se afundou em 1954 não passou de um filete diante do que se roubou de 1964 a 1985 sob os militares —que, não por acaso, tomaram o poder para, entre outras, "combater a corrupção".
E aí temos a segunda categoria: a dos governos que, quanto mais "puros", mais sujos. Jair Bolsonaro atualiza mensalmente sua bravata: "Três anos e três meses de governo, três anos e três meses sem corrupção". Certo —desde que você não conte a destruição da Amazônia para venda ilegal, a importação das vacinas fantasmas, o comércio da morte pela cloroquina, os ministérios reduzidos a balcões, a rachadinha, o patrimônio imobiliário da família, os cheques para a primeira-dama, as mamatas para os amigos, o suborno de militares e outros usos e abusos de bilhões.
Que não passam de ninharia diante da entrega do cofre para o Centrão. Isso, sim, consagrará Bolsonaro e lhe garantirá a capa do Dicionário.
Deixo de graça a sugestão. Convidem-me para o lançamento.
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