Jair Messias Bolsonaro é nada mais que um provocateur. Seu repertório é bem limitado, se restringe a xingar e ameaçar, a bravatas e palavrões. Foi isso que ele fez durante os trinta anos como deputado, nada mais. Nenhuma lei de alguma utilidade ele propôs, e não temos notícias de algum projeto social de sua autoria. Não conseguiu formar um partido, e muito menos permanecer por muito tempo em alguma sigla. Ele não é político, e não sabe fazer política. E nem sabe o que quer politicamente.
O que ele quer – e sabe fazer com maestria – é irritar os outros. Eis a origem do "mito": o cara que responde na lata, sem medo. Ele é bom na hora do deboche e de ofender, de responder sem papas na língua. Já tinha chamado o ministro do STF Luís Roberto Barroso de "imbecil" e "idiota". Agora foi a vez de Alexandre de Moraes ser chamado de "canalha". Que perda de tempo e falta de educação.
Para que tudo isso? Às vezes penso que Bolsonaro quer provocar consequências severas para si, para poder se fazer de vítima. Isso, sim, é outra coisa que ele domina com maestria. Aliás, faz parte do repertório do populista: denunciar forças inimigas que o inibiam de realizar suas políticas fantásticas. Então, ser barrado pelo STF de ser candidato em 2022 seria um presente para ele. Poder posar de vítima sem apanhar nas urnas.
Mas não acredito que o STF caia nessa armadilha. Não vão dar a Bolsonaro o presente de poder posar de vítima. Vão apenas emitir notas de repúdio às falas golpistas do presidente. Como sempre fazem. Depois, vão fingir uma normalidade nas relações entre os Poderes. E esperar o mandato de Bolsonaro acabar.
A pergunta mais interessante é: como o Congresso vai reagir a tudo isso? Pois apesar de todo esse barulho, a aprovação do presidente está em baixa. E deve afundar ainda mais, com a economia "andando de lado", a inflação acelerando e a seca se agravando. O Brasil real tem outros problemas além de Sérgio Reis ou do voto impresso. Será que o Centrão quer afundar abraçado a Bolsonaro?
Tudo indica que Bolsonaro continua sendo um "pato manco" nestes últimos 15 meses de seu governo. Não tem ambição de nada além de liberar armas e obstruir a fiscalização na Amazônia, para agradar o núcleo mais duro dos seus seguidores. Mas não tem e nunca teve uma verdadeira ambição de fazer política de verdade. Apenas tumultuar e irritar os outros. Muito pouco para um país com 210 milhões de pessoas e muitos problemas urgentes.
Thomas Milz
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