“O dilema das redes” (Netflix) é um documentário com depoimentos de cientistas e filósofos da era digital e dos designers, engenheiros e executivos que criaram os aplicativos e os modelos de negócio do Facebook, Instagram, Twitter e outros. São quase todos jovens e brilhantes, milionários vitoriosos e admirados, que trabalharam sem descanso e se sentiam criadores de maravilhas digitais, até descobrirem que também tinham criado um monstro.
Em depoimentos sinceros, assumem suas responsabilidades, sem pedir desculpas: foi o preço para usarmos “de graça” esses fabulosos instrumentos de comunicação. A frase-chave é: se estão lhe oferecendo algum produto de graça, pode ter certeza de que o produto é você. Assim como o almoço, não existe a conexão grátis: alguém está pagando.
O Google e as redes sociais sabem tudo sobre você: o que come, o que vê, o que lê, suas opiniões, seus posts, seus amigos, quem você segue, onde mora, quanto ganha, onde gasta, seus gostos e desgostos, sabe até o que você gostaria de ter. Para informar e divertir de graça, usam seus dados para vender anúncios com o alvo certo: você.
Se vivesse hoje, George Orwell ficaria encabulado com seu Big Brother de “1984”, o acharia tosco, bisonho e impreciso diante do Google e das redes sociais. Eles comandam os seus desejos e direcionam você para a publicidade, sabem quanto tempo você gasta com elas, os algoritmos o estimulam de todas as formas a ficar cada vez mais tempo on-line. Nem que seja brigando. Para valer dinheiro, você tem que estar conectado, ligado, viciado. Imagine um dia sem o Google e as redes sociais.
Para manter os usuários dependentes da droga digital, os algoritmos programam até o antagonismo, monetizando os conflitos e criando uma adição nefasta que se alimenta de ódio.
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