Drummond era a expressão do homem comum, funcionário público, formal, inspirava respeito pelo talento e por sentimentos reverenciais. Sua vida não foi uma aventura apaixonada a exemplo de Vinicius de Moraes.
Na obra, “Amor natural”, surpreende com poemas repletos de paixão, sensualidade, erotismo, sexo, temperados pelo amor e pelas mais humanas sensações. Em “A bunda, que engraçada” descreve: “A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio/Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente”.
O título, também, está protegido pela Vênus Calipígia, escultura greco-romana com os olhos voltados para as belas nádegas. Não se sabe ao certo se a obra está no Museu Arqueológico Nacional, em Nápoles, ou foi destruída no bombardeio de 1945 (Dresden).
Pois bem, a bunda, nobilitada pela história, poesia e intitulada numa das crônicas de imortal Carlos Heitor Cony como “A preferência nacional ao longo dos tempos” (sem essa de “sexismo”), acaba de ser profanada pelos tentáculos da monstruosa corrupção brasileira.
Do antiga “bola” ao pixuleco, passou-se para o crime organizado a partir do conluio entre autoridades púbicas e empresários poderosos que usavam mecanismos das finanças internacionais até formas grotescas de guardar grana.
Em 2017, foi a vez do bunker/Geddel; em 2005, conselheiro do Tribunal de Contas de Mato-Grosso rasgou cheques e jogou no lixo; em 2007, os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, guardavam dinheiro na Bíblia; em dezembro de 2015, choveu dólares no Recife; em 2005, o pioneiro de guardar dinheiro na cueca foi assessor do Deputado José Nobre Guimarães (PT), Irmão de José Genoíno, na época Presidente do PT.
O escândalo apoteótico foi protagonizado pelo senador Chico Rodrigues (DEM Roraima): escondeu o dinheiro, segundo o Ministro Luís Barroso “bem no interior de sua vestes íntimas, deixo de reproduzir tais imagens neste relatório para não gerar maiores constrangimentos”.
Estarrecedor! A canalha assaltou o dinheiro da pandemia. Estavam devidamente organizados: operadores, empresas fantasmas e “fornecedores” de estados e municípios. Corruptos e assassinos. O eleitor, diz pesquisa realizada pelo Valor Econômico, quer prefeitos honestos. Será?
Em obra recente “Corrupção e Governo” (Editor FGV 2020), Susan Rose e Bonnie Palifka, advertem que a grande corrupção ocorrem em “compras e concessões projetos superdimensionados, pelas comissões que geram ou pelos votos que permitem comprar”.
Atenção autoridades: 2021 pode ser o ano da CUVID-2020, vírus gerado nas entranhas dos corruptos.
Gustavo Krause
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