sexta-feira, 1 de maio de 2020

Teich, a voz do dono que é o dono da voz

Uma vez que o presidente Jair Bolsonaro o proibiu de recomendar aos brasileiros que fiquem em casa e respeitem as medidas de restrição social baixadas por governadores e prefeitos, o ministro da Saúde, o médico e empresário Nelson Teich, saiu-se com esta:

– Ninguém está pensando em relaxar o isolamento, a gente está criando uma diretriz.

Teich observou que a diretriz não é equivalente a uma orientação ou recomendação, longe disso. É algo a ser avaliado pela população sem a interferência das autoridades. Uma espécie de terceira instância da Justiça, digamos assim.

O ministro esmerou-se mais uma vez em ser palavroso e vago como de hábito para escapar de encrencas com Bolsonaro e com os militares alocados no ministério para vigiá-lo de perto:

– As pessoas vão ter que pensar em todas as variáveis e pontos que vão ser pensados para que alguma política possa ser desenhada em algum ponto no futuro e ter uma segurança necessária. Se liberar uma diretriz dessa soar como orientação ou recomendação isso seria muito ruim, o que não é o caso.

Em resumo: o governo se omite de orientar ou recomendar qualquer coisa aos brasileiros sobre como combater o coronavírus. Cada um é cada um. Cada um proceda como preferir. Não é assim no resto do mundo, mas no país onde Bolsonaro manda é assim.

E não será Teich, sem intimidade com o aparelho público de saúde, preocupado em não se indispor com quem possa atrapalhar seus futuros negócios no ramo da medicina, não será ele que dirá faça isso, não faça aquilo. Ele é a voz do dono, que se sabe quem é.

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