Ontem, o ministro Luiz Henrique Mandetta disse que o governo tem “extrema preocupação” com o assunto. Os indígenas tentam se proteger como podem, mas reclamam da falta de assistência e da presença de invasores em suas terras.
“Estamos muito apreensivos”, diz Paulo Tupiniquim, coordenador da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ele conta que a ordem da Funai para proibir a entrada em terras indígenas tem sido desrespeitada. “Em algumas áreas, a presença de madeireiros e garimpeiros aumentou na epidemia.”
O sanitarista Douglas Rodrigues, da Unifesp, diz que a falta de saneamento e o modo de vida dos índios tendem a aumentar a transmissibilidade do vírus. O compartilhamento de utensílios e as moradias coletivas inviabilizam a adoção das medidas de isolamento indicadas à população urbana.
“Ainda não sabemos qual será a letalidade do coronavírus entre os índios, mas o cenário é o pior possível. As ações do governo estão muito aquém do necessário para enfrentar a doença. O que mais assusta é a precariedade do sistema de saúde”, diz o professor, que trabalha em aldeias desde 1981.
O conceito de grupo de risco usado nas cidades também pode não se aplicar aos indígenas. O pesquisador Antonio Oviedo, do Instituto Socioambiental, lembra que muitas aldeias registram alta incidência de anemia e desnutrição entre jovens. As queimadas também causam problemas respiratórios em todas as faixas etárias.
A Secretaria de Saúde Indígena confirmou ontem a contaminação de um ianomâmi de 15 anos em Roraima. O adolescente foi levado para Boa Vista e está internado em estado grave. O órgão contabiliza outros cinco casos de coronavírus em terras demarcadas. Fora delas, já foram registradas ao menos duas mortes de indígenas, em Manaus (AM) e Santarém (PA).
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