Para que os funcionários trabalhassem em, o governo dobrou-lhes os salários e os presenteou com os apartamento funcionais. De lá para cá, os “penduricalhos” nas remunerações foram se expandindo.
Em Brasília, longe do povo, a classe política passou a legislar em causa própria e para os agentes públicos dos demais poderes; além dos salários altíssimos, criou para si verba de gabinete; auxílio terno; auxílio moradia; “cotão” inclui passagens aéreas, fretamento de aeronaves, alimentação do parlamentar, cota postal e telefônica, combustíveis e lubrificantes, consultorias, divulgação do mandato, aluguel e demais despesas de escritórios políticos, assinatura de publicações e serviços de TV e internet, contratação de serviços de segurança, além dos telefones dos imóveis funcionais, de uso livre e sem franquia, que estão fora do “cotão”.
Os agentes públicos dos demais poderes também foram beneficiados com significativa soma de “penduricalhos”. O corporativismo é como um vírus contagiante.
No Rio de Janeiro todos os deputados federais e senadores residiam na cidade, com suas famílias, em imóveis urbanos comuns como os demais moradores. E com eles se integravam socialmente, o que era um possante estimulante para que tivessem perfeita conduta cívica e honesta, pois seria muito desagradável que suas fotos saíssem nos jornais ilustrando matérias referentes a atos de corrupção.
De fato, a interação social existente no Rio de Janeiro era um forte elemento disciplinador, que alcançava a todos os agentes públicos dos demais poderes.
No Poder Judiciário, vamos tomar por exemplo o Supremo Tribunal Federal, instituição que enquanto esteve sediada no Rio de Janeiro (1829-1960) permaneceu protegida pelo manto da discrição. Seus ministros caminhavam a pé pelo centro da cidade, sem guarda-costas (hoje apelidados de “seguranças”) e eram respeitados por toda a população.
A vida recatada do Supremo sofreu brusca alteração após a mudança da capital para Brasília. Hoje há até transmissão ao vivo das sessões, nas quais ministras e ministros, que deveriam se recatar sob a liturgia exigida pela toga, envolvem-se em exibições de soberba, poder e erudição e não titubeiam nas frequentes manifestações de rivalidade, ira e orgulho.
E não raro tomando decisões das quais até Deus duvida, sempre com base nas leis aprovadas pelo Congresso Nacional, cujos componentes atuam contra a vontade do povo, fingem que não escutam o grito desesperado das ruas, desprezam os urgentes anseios de probidade da sociedade e aprovam leis que inibem a punição dos ladrões do dinheiro público.
No Rio de Janeiro, capital da República, a sentença condenatória emitida por juiz de primeiro grau, mesmo recorrível, tinha dupla consequência: nas infrações inafiançáveis, ser o réu preso ou conservado na prisão; e nas afiançáveis, preso enquanto não prestasse a fiança. E mais, o nome do réu seria lançado no rol dos culpados
Naquele tempo eram raros os crimes de colarinho branco e praticamente impossível advogado criminal ficar milionário. Com a mudança da capital para Brasília, a legislação mudou e hoje, em síntese, permite que processos julgados em segunda instância, em Tribunais de Justiça (estaduais) tenham acesso à terceira e quarta instâncias.
E até que condenados em terceira instância fiquem em liberdade viajando para o exterior, como o ex-presidente Lula.
A impunidade também é garantida por nossa Carta Magna que prevê o Foro Privilegiado, funesto para o Brasil e maldito para os seus cidadãos decentes.
Até aqui foram descritos fatos. Tenho lido muitos textos que afirmam peremptoriamente que Brasília deu errado. Outro dizem, que deu certo. Respeito todos os autores. Fui favorável, quando jovem, à mudança da capital para o Planalto central, mas os fatos me levaram a pensar diferente, pois mostraram que o Império de Brasília foi feito com roubalheira para a roubalheira e marcou o princípio da corrupção do Estado, com obras superfaturadas desde o seu início, cujo objetivo sempre foi estabelecer um governo permanente que escravizaria o povo brasileiro.
O tempo, senhor da razão e pai da verdade, provou exatamente isso. Ratificou que os faraós do Egito construíram túmulos para si e o faraó-cigano tupiniquim os bateu em apoteose mental, construiu um túmulo para a ética e a moral de seu país, um túmulo para o Brasil. E Brasília deu mesmo certo, porque foi construída para ser o que é hoje e jamais mudará.
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