A música de Chico Buarque, lançada há 50 anos, sob a presidência militar de Emílio Garrastazu Médici, volta a ser 50 anos depois o hino nacional. Se lá atrás condenava a ditadura, agora serve de denúncia à estupidez militarizada de um ex-capitão expulso da corporação.
Contra o mortal vírus da ignorância, da sanha ditatorial e do milicianismo, pipocam felizmente cada vez mais movimentações independentes em contraponto à ignorância governamental.
Diante do Quartel General do Exército, em Brasília, no Dia do Exército, numa afronta às Forças Armadas, como deveria ser vista, a manifestação de domingo faz parecer, aos olhos de quem viveu aqueles duros anos, uma parada militar sob a continência complacente, pois apenas se ouviu o toque de silêncio.
Contra o mortal vírus da ignorância, da sanha ditatorial e do milicianismo, pipocam felizmente cada vez mais movimentações independentes em contraponto à ignorância governamental.
Diante do Quartel General do Exército, em Brasília, no Dia do Exército, numa afronta às Forças Armadas, como deveria ser vista, a manifestação de domingo faz parecer, aos olhos de quem viveu aqueles duros anos, uma parada militar sob a continência complacente, pois apenas se ouviu o toque de silêncio.
Quando a ditadura percebeu o deslize da censura, com o sucesso
da música, as lojas e a gravadora tiveram seus estoques destruídos
Quando o país, como todo o mundo, tenta sobreviver à pandemia do coronavírus, um ex-capitão, expulso da corporação, conclama a intervenção militar e o fechamento do Congresso, não é mero gesto político de conclamação de sua base eleitoral. É uma declaração ditatorial com ou sem apoio de seu gabinete militarizado, que merece repúdio hoje e sempre, porque despreza a morte, a fome e o sofrimento de milhões de brasileiros, que não recebem nenhuma continência.
Aos brasileiros, com que enche a boca, o eleito Messias já avisou que não deverá ser responsabilizado pelo que acontecerá ao país depois da pandemia. Esquece que em vez de passeatas antidemocráticas, que só objetivam a glorificação de um desavergonhado governo, deveria dar o exemplo de abnegação, trabalho e respeito ao povo que tanto se orgulha de "governar".
Quase um ano e meio depois de empossado na imagem mais desrespeitosa de todos os tempos na história do Brasil - o desfile presidencial com um dos filhos enganchado no encosto do banco traseiro do carro oficial -, esse mesmo eleito se arvora em novo ineditismo histórico: conclama massa de manobra eleitoreira para entronar de vez sua incapacidade e ignorância como um novo ditador, seguindo uma "dinastia" ditatorial.
É um tapa na cara da população se ver desgovernada num momento tão angustioso de doença, morte e fome, quando precisaria de liderança. Conta apenas com um pretenso mito arrotando a valentia de idólatra dos torturadores, com asseclas do mesmo calibre sempre dispostos à subserviência hierárquica em defesa de uma democracia de bananas.
Restará apenas aos sobreviventes construir um amanhã independente de quem preside com tanta incompetência, insensatez e desprezo pela vida (dos outros).
Luiz Gadelha
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