Há cinco anos, numa conferência TED Talk, o milionário e filantropo Bill Gates lançou o aviso de que a Humanidade se deveria preparar para uma epidemia. Agora, quando o mundo assiste, mais ou menos impotente, à concretização dessa sua previsão e ao crescimento do número de casos e de mortes provocados pela epidemia da Covid-19, o fundador da Microsoft afirma que o mundo tem de estar preparado para um combate global ao novo coronavírus, que pode prolongar-se durante mais tempo do que alguns esperavam no início.
A análise à atual pandemia e à necessidade de prevenir as futuras foi feita por Bill Gates durante uma entrevista numa sessão de Ask Me Anything, da rede social Reedit. Depois, o próprio Bill Gates publicou a transcrição das perguntas e respostas na sua página GatesNotes. Eis algumas das suas lições:
Esperanças e receios na crise atual – “Com as ações certas, incluindo os testes e a distância social (a que chamo “shut down”) dentro de 2 a 3 meses os países ricos podem ter conseguido evitar níveis elevados de infeção. Tenho medo das consequências económicas, mas temo ainda mais como isto afectará os países em desenvolvimento, onde não se pode praticar a distância social como nos países ricos, e onde a capacidade hospitalar é muito menor.”
Esperar 18 meses pela vacina – “Vamos precisar, literalmente, de milhares de milhões de vacinas para proteger o mundo. As vacinas exigem testes para garantir que sejam seguras e eficazes, além de cadeias de fabrico novas. As primeiras vacinas que recebermos irão para profissionais de saúde e trabalhadores críticos. Isso pode acontecer antes de 18 meses, se tudo correr bem, mas nós e o dr. Fauci e outros temos o cuidado de não prometer isso, já que não temos a certeza. O trabalho está indo a toda velocidade.”
Tratamento eficaz antes da vacina – “Uma terapêutica pode estar disponível bem antes da vacina. Idealmente, isso reduziria o número de pessoas que precisam de cuidados intensivos, incluindo ventiladores. Pode ser um anti-viral, um anticorpos ou qualquer outra coisa. Uma ideia que está a ser explorada é a de usar o sangue (plasma) das pessoas que foram consideradas curadas. Se funcionasse, essa seria a maneira mais rápida de proteger os profissionais de saúde e os pacientes com doenças graves.”
Exemplo da China – “Depois de 23 de janeiro, quando perceberam o quanto era sério, os chineses instituíram um forte isolamento social, que fez toda a diferença. Outros países irão fazer isso de forma um pouco diferente, mas acredito que uma combinação entre testes e isolamento social funciona claramente. E é o melhor que temos para combater a epidemia até termos uma vacina.”
Até quando isto vai durar? - Isso vai variar muito de país por país. A China está a ter muito poucos casos agora porque os seus testes e quarentenas foram muito eficazes. Se um país conseguir fazer bem esse trabalho, em 6 a 10 semanas pode fazer diminuir o número de casos e abrir-se outra vez.
Há perigo de novos surtos depois de terminada a quarentena? - “Depende de como se lidar com as pessoas vindas de outros países e de quantos testes se fizerem. Até agora, na China, eles estão a fazer um bom trabalho, a controlar com muito rigor as pessoas que entram no país e a identificar, de imediato, os infetados. Hong Kong, Taiwan e Singapura também estão a fazer um bom trabalho.
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