O ministro Toffoli dispõe dos dados, no CNJ. E tem o dever de completar a informação. Sabemos só de alguns, na Lavajato: Lula, José Dirceu, seu irmão Luiz Eduardo; um timaço com Delúbio, Vaccari, Bumlai, Genu, por aí; altos funcionários da Petrobrás nomeados, pelo governo da época, para distribuir propinas entre os companheiros; e alguns ricaços, donos da Engevix, da Mendes Júnior, da Corretora Bônus Banval. Mas falta saber quais serão os milhares de outros criminosos a serem beneficiados. Quantos traficantes?, senhor ministro. Fernandinho Beira Mar e Marcola estarão nesta ação entre amigos? E quantos pedófilos? E quantos estupradores? E quantos assassinos? Os brasileiros têm direito de saber. Que tudo ocorre em sombras. Para que um único condenado por corrupção seja solto. Não é justo.
Desalentador é também ver "entendidos" se exibindo, em falas e textos lamentáveis, cheios de lugares comuns. Tentando emprestar alguma dignidade a essa decisão pífia. Lembro meu pai, num Discurso de Paraninfo que fez em 1964. No duro ano que inaugurou os duros anos da "Redentora". Disse ele, sobre os que "interpretam" a lei para ferir a democracia: “Quando o despotismo se instaura há, quase sempre, um jurista que não lhe falta com seus serviços. Como se o direito fosse matéria informe sobre a qual se pudesse operar livremente e não devesse ter substancial conteúdo de expressão da consciência coletiva”. Após o que citou Tocqueville: “Ao lado de um déspota que comanda, se encontra quase sempre um jurista”. E concluiu dizendo que “traía sua ciência o jurista que legalizava a tirania”. O velho chamava essa gente de “juristas da ditadura”. Se aqui ainda estivesse, no Brasil de hoje, talvez usasse a expressão “juristas da impunidade”. Advogados e juízes (inclusive ministros!), leves e felizes, devotados “só” a soltar os seus.
José Paulo Cavalcanti Filho
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