Notícia veiculada pela Folha neste domingo informa que a Polícia Federal suspeita que parte da verba desviada de candidaturas femininas fakes pode ter abastecido um caixa dois compartilhado entre o ministro e o presidente nas eleições de 2018. Quer dizer: além de lavar as mãos, Bolsonaro pode ter ajudado a fazer desaparecer o sabonete.
A PF dispõe de um depoimento e uma planilha que apontam para a existência da caixa clandestina mútua. Haissander Souza de Paula, ex-assessor parlamentar de Álvaro Antônio, coordenador da campanha dele a deputado federal por Minas Gerais, disse em depoimento acreditar que "parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro".
Sintomaticamente, o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Maurício Valeixo — aquele que Bolsonaro ameaçara de demissão —, esteve com o presidente no final da tarde de sexta-feira. A conversa ocorreu nas pegadas da revelação de que o ministro do Turismo fora indiciado pela PF e denunciado pelo Ministério Público.
O encontro não estava agendado. Mas o Planalto incluiu o nome de Valeixo na agenda presidencial, às 17h. Na véspera, o próprio ministro do Turismo tivera uma longa conversa com o presidente. Depois, foi confirmado no cargo. Se quiser salvar as aparências, Bolsonaro terá de afastar o ministro. Ou convencê-lo a sair.
Tarimbado em escândalos, o brasileiro vai adquirindo uma certa prática. Adapta-se à lógica da política. No fundo, sabe como tudo vai acabar, pois o Brasil não é mais um país imprevisível. Tornou-se tristemente previsível. Nele, os a maioria dos políticos opera na base do "um por todos, todos por huuummmmm".
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