Bolsonaro antecipou as linhas gerais do discurso que pretende fazer na ONU. Quer mostrar, com "muito patriotismo", que a Amazônia "foi praticamente vendida para o mundo". Deseja deixar claro que não vai "aceitar esmola de país nenhum a pretexto de preservar a Amazônia". Resistirá porque é por meio desse auxílio externo que, segundo ele, a floresta "está sendo loteada e vendida".
Por trás desse discurso do presidente Bolsonaro estão velhas obsessões do ex-deputado Bolsonaro. Hoje, o presidente se queixa do excesso de reservas indígenas. Em abril de 1998, quando ainda era um deputado do baixíssimo clero, disse na Câmara que a cavalaria brasileira foi muito incompetente. "Competente", segundo ele, "foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país".
Desde que assumiu o trono, Bolsonaro tenta conciliar duas exigências conflitantes: ser Bolsonaro e exibir o bom senso que a Presidência exige do seu ocupante. Quando fala de Amazônia, o presidente se enche de tambores e clarins. Se disser na ONU 10% do que anuncia, Bolsonaro mostrará que é errando que se aprende ... A errar. Fornecerá material para a retaliações contra exportadores brasileiros. Ficará demonstrado que o patriotismo também pode ser uma forma de suicídio comercial.
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