terça-feira, 3 de setembro de 2019

Bolsonaro prova que erro pode ser aperfeiçoado

A decisão de Jair Bolsonaro de falar na abertura da Assembleia Geral da ONU sobre Amazônia é uma evidência de que há males que vêm para pior. Um acerto dificilmente pode ser melhorado. Mas não há sob Bolsonaro erro que não possa ser aperfeiçoado. A despeito da nova cirurgia a que será submetido, o presidente disse que irá à ONU mesmo que seja sentado numa cadeira de rodas ou deitado numa maca.

Bolsonaro antecipou as linhas gerais do discurso que pretende fazer na ONU. Quer mostrar, com "muito patriotismo", que a Amazônia "foi praticamente vendida para o mundo". Deseja deixar claro que não vai "aceitar esmola de país nenhum a pretexto de preservar a Amazônia". Resistirá porque é por meio desse auxílio externo que, segundo ele, a floresta "está sendo loteada e vendida".


Por trás desse discurso do presidente Bolsonaro estão velhas obsessões do ex-deputado Bolsonaro. Hoje, o presidente se queixa do excesso de reservas indígenas. Em abril de 1998, quando ainda era um deputado do baixíssimo clero, disse na Câmara que a cavalaria brasileira foi muito incompetente. "Competente", segundo ele, "foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país".

Desde que assumiu o trono, Bolsonaro tenta conciliar duas exigências conflitantes: ser Bolsonaro e exibir o bom senso que a Presidência exige do seu ocupante. Quando fala de Amazônia, o presidente se enche de tambores e clarins. Se disser na ONU 10% do que anuncia, Bolsonaro mostrará que é errando que se aprende ... A errar. Fornecerá material para a retaliações contra exportadores brasileiros. Ficará demonstrado que o patriotismo também pode ser uma forma de suicídio comercial.

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