No dia seguinte, quinta-feira, a rapaziada ganhou o asfalto. E Weintraub mandou sua assessoria enviar nota aos jornalistas para informar o seguinte: "Até o momento, a Ouvidoria do ministério já contabiliza 41 reclamações no órgão, além de diversas interações realizadas via Facebook do MEC e pelo Twitter do ministro Abraham Weintraub". Passados três dias, as alegadas reclamações não vieram à luz. Nenhum coator foi repreendido ou levado aos tribunais.
De duas, uma: Ou a coação de alunos é assombração que só existe na cabeça do ministro ou o chefe do MEC ignora as provas de algo que tachou de "ilegal". Na primeira hipótese, Weintraub é mentiroso e não merece permanecer no cargo.
Na segunda alternativa, o personagem comete o crime de prevaricação. Consiste em "retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício". Neste caso, Weintraub precisa trocar a poltrona de ministro pelo banco dos réus, pois prevaricar é delinquência que o Código Penal Brasileiro pune com prisão —de três meses a um ano.
Noutros tempos os executivos governamentais dividiam-se apenas em dois grupos. Havia os que eram incapazes de todo —como Vélez Rodrigues, o olavete que durou menos de 100 dias no MEC. Havia também os que eram capazes de tudo. Abraham Weintraub inaugura um terceiro grupo. Reúne as duas características numa mesma pessoa.
Capaz de tudo, Weintraub empurrou o monstro para as ruas ao transformar um corriqueiro congelamento de verbas numa guerra ideológica. Incapaz de todo, imagina que pode devolver o monstro à sala de aula espetando-o com sua língua afiada. Um ministro assim corre muitos riscos, exceto o risco de dar certo.
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