Pessoalmente, pode ter marcado gols, com chances até de barrar a queda contínua de sua aprovação no pós-posse. Teria sido ainda melhor para ele, para o seu governo e para o país, se a empolgação não o fizesse falar demais.
Com a língua solta, abriu flancos perigosos como o da exaltação ao presidente do Supremo, Dias Toffoli, que Bolsonaro passou, sem qualquer pudor, a tratar como um aliado – “é muito bom nós termos aqui a Justiça ao nosso lado”. Por ignorância ou oportunismo, o capitão desprezou o fundamental: à Justiça não é dada a opção de ter lado. Ainda que Toffoli, o garoto de ouro do ex Lula e seu novo melhor amigo, e o próprio presidente façam pouco caso disso.
Abandonando os regulares xingamentos à imprensa, Bolsonaro atendeu jornalistas e até falou com exclusividade à revista Veja. Fez pouco do seu partido, o PSL, que para ser formado rapidamente “pegou qualquer um”. Uma desfeita aos deputados “inexperientes”, que só chegaram lá pelo apoio do candidato-presidente. Vinculou o fim da reeleição a uma reforma política que possa diminuir o número de parlamentares de 500 para 400, garantiu que vai vender os Correios. Simpático e por vezes brincalhão, até puxou as orelhas de seu guru por ele ter indicado Ricardo Vélez para a Educação sem conhecer o afilhado. “Pô, Olavo, você namorou pela internet?”
Sobre o filho Flávio, investigado pelo Ministério Público do Rio por suspeita de enriquecimento ilícito, tergiversou. Escolheu se portar como um pai preocupado e perseguido. Não negou a amizade com Fabrício Queiroz, mas, ao dizer que desconhecia os rolos do ex-assessor, usou o mesmo expediente do ex Lula, prorrogando a suada república do “eu não sabia”. Algo pouco digno para alguém que rechaça antecessores e as práticas da “velha política”.
Na sexta-feira, voltou a soltar impropriamente o verbo.
No almoço com os caminhoneiros, vangloriou-se de ter beneficiado a categoria no decreto pró-armas, estimulando-os a mandar bala. “Se tiver arma de fogo é para usar”, disse. Depois, assegurou que daqui a pouco as armas, hoje caras, vão cair de preço. A reivindicação era por mais asfalto e mais policiamento. Mas, sem oferecer qualquer alternativa diante das reclamações pela falta de infraestrutura que destrói pneus, motores, boleias, e pelos roubos de carga, Bolsonaro vaticinou: “quanto mais arma, mais segurança”.
No mesmo dia, durante um evento da Assembleia de Deus em Goiânia, defendeu a assunção de um ministro evangélico ao Supremo. Ciente do espanto que a afirmativa provocaria, o presidente lançou o verme e saiu-se com a vacina: “não me venha a imprensa dizer que quero misturar a Justiça com religião”.
Pode até vir a não fazê-lo, embora pareça querer.
Reincidente no erro, insistiu em comprometer a indicação que fará no ano que vem para o STF. Já meteu os pés pelas mãos ao confessar que barganhara a vaga futura para convencer o ex-juiz Sérgio Moro, que não é evangélico, a integrar o governo. Agora, acenou para os seus amigos de fé. Irresponsabilidade dupla.
Animado com as manifestações em seu favor, Bolsonaro falou muito e mais do que devia sobre tudo. Mas ficou mudo diante das estultices do seu ministro da Educação. Além do desrespeito a professores e alunos, que ele considera frágeis e manipuláveis, a cena patética do vídeo “Singing in the rain”, no qual Weintraub aparece rodando um guarda-chuva com a bandeira nacional ao fundo, tem eloquência própria. Mostrou-se pior ou no mínimo igual a Vélez.
Sobre isso, Bolsonaro nada disse, ficou calado. Um silêncio embalado por outra crença, a ideológica. A mesma chaga que, vinda do outro polo, ele jurava combater.
Sobre o filho Flávio, investigado pelo Ministério Público do Rio por suspeita de enriquecimento ilícito, tergiversou. Escolheu se portar como um pai preocupado e perseguido. Não negou a amizade com Fabrício Queiroz, mas, ao dizer que desconhecia os rolos do ex-assessor, usou o mesmo expediente do ex Lula, prorrogando a suada república do “eu não sabia”. Algo pouco digno para alguém que rechaça antecessores e as práticas da “velha política”.
Na sexta-feira, voltou a soltar impropriamente o verbo.
No almoço com os caminhoneiros, vangloriou-se de ter beneficiado a categoria no decreto pró-armas, estimulando-os a mandar bala. “Se tiver arma de fogo é para usar”, disse. Depois, assegurou que daqui a pouco as armas, hoje caras, vão cair de preço. A reivindicação era por mais asfalto e mais policiamento. Mas, sem oferecer qualquer alternativa diante das reclamações pela falta de infraestrutura que destrói pneus, motores, boleias, e pelos roubos de carga, Bolsonaro vaticinou: “quanto mais arma, mais segurança”.
No mesmo dia, durante um evento da Assembleia de Deus em Goiânia, defendeu a assunção de um ministro evangélico ao Supremo. Ciente do espanto que a afirmativa provocaria, o presidente lançou o verme e saiu-se com a vacina: “não me venha a imprensa dizer que quero misturar a Justiça com religião”.
Pode até vir a não fazê-lo, embora pareça querer.
Reincidente no erro, insistiu em comprometer a indicação que fará no ano que vem para o STF. Já meteu os pés pelas mãos ao confessar que barganhara a vaga futura para convencer o ex-juiz Sérgio Moro, que não é evangélico, a integrar o governo. Agora, acenou para os seus amigos de fé. Irresponsabilidade dupla.
Animado com as manifestações em seu favor, Bolsonaro falou muito e mais do que devia sobre tudo. Mas ficou mudo diante das estultices do seu ministro da Educação. Além do desrespeito a professores e alunos, que ele considera frágeis e manipuláveis, a cena patética do vídeo “Singing in the rain”, no qual Weintraub aparece rodando um guarda-chuva com a bandeira nacional ao fundo, tem eloquência própria. Mostrou-se pior ou no mínimo igual a Vélez.
Sobre isso, Bolsonaro nada disse, ficou calado. Um silêncio embalado por outra crença, a ideológica. A mesma chaga que, vinda do outro polo, ele jurava combater.
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