Talvez surpreenda os mais jovens, porém Fernando Collor de Mello usou da mesma estratégia: tentou inflamar a parcela da sociedade que o elegeu presidente, ao acusar o establishment de atrapalhar o seu governo. Por falar em manipulação das massas, talvez ninguém tenha feito tanto pela idiotização generalizada, decerto não por tanto tempo, quanto Lula durante o período em que esteve no poder. Antes e depois disso, inclusive.
Após quase duas décadas de domínio político irrigado financeiramente por um esquema corrupto que visava a hegemonia, o compreensível impulso do pêndulo eleitoral para longe do campo progressista possibilitou um momento oportuno para o ensejo de novas ideias. Chance única de mostrar aos brasileiros alternativas na forma de se administrar o País. De que, se patrulhas ideológicas em qualquer área não são toleráveis, isso é ainda mais verdadeiro quando afeta políticas públicas. E que o discurso radical deveria ser deixado de lado, se realmente estivermos interessados em prosperar como nação, tanto no aspecto econômico quanto no social.
Pois, avis rara, tal chance está sendo desperdiçada. Na esteira da incompetência, dos disparates do presidente, de seus filhos, ministros e sustentadores, a mácula é inevitável. Respinga não apenas em outra visão de mundo, mas também em um modo diferente de fazer as coisas.
Assim, se à época de Lula a direita era propagandeada como insensível, até mesmo cruel, Bolsonaro faz de tudo para reforçar esse estigma. Se o conservadorismo era vendido como obscuro, até mesmo tirano, eis que surge o bolsonarismo para dobrar a aposta. E ainda sobrou para o liberalismo econômico, já que o mercado, de gaiato, resolveu entrar como padrinho nessa barafunda. Inês é morta, já dizia o outro. Que sirva de lição para não votarmos mais com o fígado. E sim, com a cabeça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário