Desemprego e cortes no orçamento da educação são “problemas do PT”, apesar de Dilma Rousseff ter descido a rampa do Palácio do Planalto há três anos. A inabilidade das lideranças bolsonaristas no Congresso é culpa da velha política. “Brasília está tensa. Políticos mais antigos dizem nunca ter visto nada igual. Os negócios acabaram, as malas de dinheiro não circulam mais. Não sei por quanto tempo o capitão vai aguentar, 1.000 generais não bastam a seu lado, só quem o colocou lá poderá mantê-lo: Deus”, descreve texto compartilhado dezenas de vezes, em vários grupos.
No altar com Bolsonaro estão apenas Paulo Guedes e Sergio Moro. O verde-amarelo pisca em alta velocidade na mensagem de 50 segundos lembrando que chegou a hora de defender os pacotes propostos pela dupla: “É agora!”. Em meio à convocação, desqualificam-se as manifestações estudantis do último dia 15. O tom é de quem está disposto a dar um troco. E tocar fundo, em cada um: “O governo não é do Bolsonaro. É nosso! E nós vamos defendê-lo!”. Pisca, pisca. Aqui, bordão da esquerda se adapta: “Ninguém solta a mão do capitão”.
Quem estava cabreiro com os tiros cruzados de militares do governo ficou aliviado ao receber a convocação do Clube Militar para a manifestação. Não há outra solução para a governabilidade que não a pancada. O desestímulo de empresários e de parte da direita ao ato de domingo serve de ajuste ao calibre de ataque: “A esquerda já era nossa inimiga, a visão agora é outra: STF, Rodrigo Maia, MBL, centrão. Esqueçam a esquerda, temos de ter foco!”, diz um militante do grupo Pátria Amada, recebendo uma enxurrada de aplausos em forma de emoticons.
Alguns sugerem a caça às bruxas ao MBL, no mundo real e no virtual. Os ataques também atingem Danilo Gentili, Janaina Paschoal e Lobão. O distanciamento do MBL e do movimento de empresários que apoiam Bolsonaro “é coisa do Rodrigo Maia”, especulam. As mensagens incendiárias do filho Carlos Bolsonaro, os exageros e devaneios do guru Olavo, o compartilhamento pelo próprio presidente de um texto que estimula o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Tudo misturado, a narrativa é uma só.
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