Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o ministro olavete descreveu as universidades como locais de “bagunça” e “arruaça”. Ele também protestou contra a suposta presença de “gente pelada”, como se os campi fossem praias de nudismo.
A imaginação de Weintraub parece ser fértil. A das ativistas católicas também era. A exemplo do ministro, elas acreditavam que os comunistas estavam em toda parte. Atrás da banca de jornal, no ponto de ônibus, debaixo da cama ou dentro do guarda-roupa, como ironizava o cronista Stanislaw Ponte Preta.
Em Belo Horizonte, as senhoras se uniram na Liga da Mulher Democrata (Limde). De rosário em punho, promoveram passeatas a favor do golpe militar e elegeram a Universidade Federal de Minas Gerais como alvo número um. Suas peripécias estão no livro “Campus UFMG”, que a historiadora Heloisa Starling lança no dia 11 pela editora Conceito.
Em abril de 1964, a Limde intimou o Ministério da Educação a intervir na UFMG para garantir “o afastamento definitivo de professores, livros e funcionários comunistas do convívio com os estudantes”.
Pouco depois, as ativistas reivindicaram a imediata proibição, em todo o país, do método Paulo Freire. Para elas, a técnica do educador para combater o analfabetismo era perigosa e subversiva.
Em 1965, a Limde organizou um abaixo-assinado pela “extinção da carreira de sociólogo”. O manifesto afirmava que era preciso evitar a formação de “agitadores comunistas”. Os sociólogos só conseguiriam habilitação formal em 1980, no fim da ditadura.
As senhoras mineiras eram ousadas. Um dia, indignadas com a realização de um encontro sindical em BH, reuniram a imprensa e prometeram deitar na pista do Aeroporto da Pampulha para impedir a aterrissagem de aviões.
Fica a dica para o ministro Weintraub.
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