Não que caiba fazer troça com a investigação, da maior seriedade. O PSL, cumpre assinalar, é o partido pelo qual se elegeu o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Ademais, no centro da fraude eleitoral encontra-se ninguém menos que seu ministro de Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, então presidente da sigla em Minas Gerais.
Dirigentes partidários, entre os quais predominam homens, viram aí um outro tipo de oportunidade —para empreender negócios escusos. Parece ter sido esse, pelo menos, o caso do PSL sob comando do futuro ministro de Bolsonaro.
A PF indica agora ter encontrado indícios concretos de prestações de contas mentirosas nas campanhas das laranjas. Quatro candidatas a deputadas estaduais e federais mineiras estão no fulcro da apuração, após declarar gastos avultados, em franca contradição com sua escassa colheita de votos.
O foco da operação Sufrágio Ostentação recaiu sobre gráficas que teriam prestado serviços ao PSL mineiro. A PF trabalha sobre a hipótese de que eles não tenham ocorrido e que os pagamentos em realidade tenham sido carreados para campanhas masculinas ou para empresas próximas do partido.
Além da sede do partido na capital mineira, sete gráficas foram alvo da ação. Uma delas, em Ipatinga, já se achava fora de operação antes do pleito de 2018 e pertence a Reginaldo Donizete Soares, irmão de um assessor que trabalhou com Marcelo Álvaro Antônio.
O inquérito, que corre sob segredo de Justiça, já conta com oitivas de quatro dezenas de testemunhas. O PSL de Minas anunciou encarar com naturalidade o processo e diz colaborar com a investigação. O ministro afirma estar à disposição da PF para esclarecimentos.
O material apreendido nas diligências passará agora por perícia. Presume-se que isso ainda consumirá semanas ou meses.
O presidente Jair Bolsonaro, que com tanta frequência se põe a lançar juízos de valor nas redes sociais sobre a velha política, mantém excessiva e incongruente cautela diante do escândalo com seu ministro. Se até a polícia já aponta os indícios, um afastamento seria a atitude mínima a tomar, ao menos durante o correr da investigação.
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