A demissão de Gustavo Bebianno não é a primeira nem será a última decepção que eleitores de Bolsonaro terão com o presidente. Foi sempre assim no passado, e haverá de ser assim no futuro, com outros mandatários. O cacife de um presidente começa a ser corroído no dia seguinte à sua vitória e se acelera depois da posse. Talvez com a exceção de Lula, todos os demais presidentes brasileiros saíram do governo menores do que entraram.
No caso de Bolsonaro, o que chama mais atenção é a velocidade de cruzeiro que este desgaste tomou imediatamente depois da decolagem. Não que Bebianno fosse um ícone para o governo. Nada disso. Mas a sua saída, no topo de um escândalo de laranjas usados para desviar dinheiro público destinado ao partido do presidente, foi exatamente o que mais Bolsonaro atacou na campanha. A intromissão do filho do ministro em assunto que deveria ser de Estado, de governo e, no máximo, de Justiça, também representa um desgaste desnecessário.
A avalanche de más notícias neste início de governo, a começar com o escândalo do outro filho, parece ter surpreendido os brasileiros. Aquele vendaval de mensagens em redes sociais que protegiam Jair Bolsonaro durante a campanha não se vê agora. Ainda estão por aí muitos dos que defendem intransigentemente o presidente e atacam todos os que ousam criticá-lo. Mas são poucos, a maioria está quieta, esperando para ver até onde a coisa irá.
Imagino que estão torcendo silenciosamente para que Bolsonaro consiga enfim começar a governar sem sobressaltos. A vantagem do presidente nesse momento é que as questões substantivas ainda serão discutidas. A maior delas, a reforma da Previdência, pode dar a Bolsonaro chance de se recolocar diante dos brasileiros.
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