O eleitor resolveu apressar a morte do doente. Despejou o presidente do Senado, desempregou o líder de todos os governos e humilhou oligarquias que não desgrudavam do poder, como o clã Sarney. No Rio, deu uma surra nos filhos de Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Jorge Picciani e Roberto Jefferson. Um ex-juiz desconhecido até a semana passada virou favorito para conquistar o governo do estado.
Ao mesmo tempo, a eleição premiou o ultraconservadorismo, o discurso truculento e o fundamentalismo religioso. A bancada da bala engordou e promete ficar mais estridente. No Rio, o campeão de votos para a Câmara foi um subtenente do Exército que tomou emprestado o sobrenome Bolsonaro. Há dois anos, ele tentou se eleger vereador em Nova Iguaçu. Teve míseros 480 votos. Agora recebeu mais de 345 mil na garupa do capitão.
“Uma taxa de renovação alta não garante um Congresso melhor”, lembra o professor Jairo Nicolau. Ele também prevê dificuldades para a formação de maioria, seja quem for o presidente eleito. A Câmara já estava dividida entre 25 partidos. Agora terá 30, uma fragmentação sem paralelo no mundo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujo partido sofreu um tombo histórico, concorda com o diagnóstico. “O sistema que nós montamos em 1988 está se exaurindo. Não sabemos ainda para que lado vai”, diz o tucano, que prevê “tempos de agitação” pela frente.
“A mudança na sociedade é muito rápida, e as instituições não correspondem mais às demandas das pessoas. Estamos virando uma página. O PSDB faz parte desta página. O que vai acontecer, eu não sei”, admite FH.
Nenhum comentário:
Postar um comentário