Aqueles candidatos que não se pautaram pela segurança pública e não levaram à população propostas para protegê-la da violência, infelizmente, ficaram no meio do caminho. O Espirito Santo, por exemplo, elegeu para o Senado dois policiais. Um delegado, que se identificava como o protetor das vítimas do trânsito, e um policial da Swat que se apresentava nos programas com um colete à prova de bala. Ambos passavam a imagem de “homens da lei” dispostos a proteger as famílias em um dos estados mais violentos do país, recordista na morte de mulheres.
O quadro que se desenha para o Brasil no futuro é sombrio. De um lado, Haddad, o candidato do PT, que tem como marqueteiro um ex-presidente condenado a doze anos de prisão por corrupção que dita as regras de dentro do presídio. Do outro, um político fascista, truculento e obscuro, que sustenta propostas policialescas tão radicais que até assusta quando aparece falando na televisão. Incapaz de formular um plano de governo, apela sempre para o economista Paulo (“Posto Ipiranga”) Guedes todas as vezes que é questionado sobre o futuro da economia do país que pode vir a administrar.
Depois do primeiro turno, quando se decidiu quem iria para a próxima etapa, o que se viu na rede social foi um bombardeio de agressões entre Bolsonaro e Haddad, disputando a primazia de quem era mais baixo nível nos insultos. Nenhum deles, portanto, apareceu na internet falando sobre propostas para governar o país. Hadadd, porém, foi o mais original dos dois. Nem bem o dia amanheceu, na segunda-feira, foi o primeiro a entrar no presídio da Polícia Federal para se orientar com o seu guru Lula para essa reta final.
Da cadeia, onde ficou toda manhã, Haddad saiu como um ventríloquo. Falou à Nação orientado pelo guru, que ainda se acha o político mais importante do país. Não sabe ele, coitado!, que o Nordeste, seu último reduto eleitoral, começa a tomar o rumo da direita, pois, na região, o Bolsonaro foi muito bem votado. De sua casa na Barra da Tijuca, de onde falou para o JN, Bolsonaro fez declarações contundentes contra o seu vice, o general Hamilton Mourão. Desqualificou-o por ter dado declarações com as quais ele não concorda como acabar com o décimo terceiro dos trabalhadores e fazer uma nova Constituição de notáveis excluindo o parlamento, a representação popular. É a primeira vez que um capitão repreende um general publicamente, mesmo que timidamente para não ferir a sensibilidade hierárquica de outros comandantes. E para quem achava que o general ia ficar calado depois do esporro, veja o que ele disse em resposta a Bolsonaro: “Tenho minhas críticas. Agora, o presidente é ele. Só não sou um vice anencéfalo (sem cérebro)”.
O pau já está comendo na Casa de Noca.
Diante dessa barafunda, onde é embaraçoso se fazer uma opção entre uma organização criminosa que quer se reinstalar novamente no país e um representante fascista que pretende resolver os problemas à bala, o eleitor certamente estará desorientado. Infelizmente, por obrigação, vai ter que optar pelo menos pior. Mas se quiser não compactuar com um desses candidatos, a proposta é votar em branco para não legitimar o vencedor.
Votar em branco também é uma forma de protestar contra essa situação anárquica no país, que tem dois candidatos indesejáveis. E mais: o eleitor que fizer essa opção não vai se sentir culpado e nem se cumpliciar com a tragédia anunciada que se avizinha no país com a vitória de um desses candidatos.
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