Ele assustava os líderes tradicionais, mas seduzia o povo, porque mantinha o cabelo desgrenhado, usava terno amarfanhado, com caspas, e comia sanduíche assentado na calçada. Suas atitudes exóticas eram pontilhadas pelo autoritarismo, pela instabilidade emocional e pela egolatria, sendo mesmo indomável quando optava por uma ação. Assim, irritou seus padrinhos, na disputa nacional, quando visitou Fidel Castro, em 29 de março de 1960, recebendo honras de chefe de Estado. O ditador cubano havia assumido o poder apenas um ano antes.
Apesar de suas excentricidades, Jânio Quadros foi eleito no dia 3 de outubro de 1960, com 5.636.623 votos, vencendo o general Henrique Teixeira Lott e Ademar de Barros. Tomou posse em Brasília, recebendo a faixa presidencial de Juscelino Kubitscheck, no dia 31 de janeiro de 1961.
Suas medidas incomodaram muitos setores, porque ele hostilizava o antecessor, provocava impacto na economia popular com medidas draconianas e despertava ironia pela insignificância de algumas sanções. Gerou mal-estar pelas manifestações de desprezo ao Congresso Nacional e pela redução do Orçamento das Forças Armadas. Além disso, condecorou Che Guevara, no dia 19 de agosto de 1961.
Sua renúncia no sétimo mês de mandato foi o fecho da ópera do absurdo, surpreendendo todos. Tratava-se de uma jogada para voltar como ditador se houvesse intensa mobilização popular a seu favor. Isso não aconteceu, e o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, apresentou logo a carta ao plenário, dizendo que a renúncia era um gesto unilateral e Ranieri Mazzilli deveria ocupar a Presidência da República, até que o vice-presidente João Goulart retornasse da China.
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