quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A crise por que passa o país está provocando medo aos brasileiros

Jamais perderei a esperança em nosso país. Hoje, porém, como jornalista ou como advogado (ou cultor respeitoso do direito nas horas vagas) e, mais que tudo, como admirador, desde muito jovem, da ciência (e da atividade) política, tenho medo só de pensar no que possa acontecer a todos nós depois das eleições gerais no próximo mês de outubro. Corremos o risco de perder uma oportunidade de ouro para mudanças profundas em nossa máquina estatal. A crise é grave e angustiante. Após a conquista do real e do respiro que lhe deu parte do primeiro governo Lula, o país piorou muito. Sinto que a bomba – política, econômica e social –, que vem sendo armada e está prestes a explodir sobre nós, se o país não for socorrido com desprendimento e competência (um milagre?), poderá nos levar a uma situação ainda pior.

Nossos políticos, em sua maioria, esqueceram-se de que política, além de arte, é ciência. É meio ou ponte indispensável à consolidação do regime democrático. A polarização irracional entre duas correntes radicais – uma à esquerda, outra à direta –, já admitida por alguns analistas, submete o país, que é muito maior do que qualquer ideologia, a terrível humilhação. O messianismo que envolve a candidatura do ex-presidente Lula, que, no final, fatalmente, será substituído pelo ex-prefeito Fernando Haddad, e o evidente voluntarismo que caracteriza a candidatura do ex-capitão e deputado Jair Bolsonaro, cujo eleitorado, em grande parte, talvez seja mais perigoso do que o próprio candidato, servirão, apenas, para aprofundar nosso caos político.

As sabatinas a que foram submetidos os candidatos a presidente, já tarde da noite, no programa “Eleições”, da TV Globo, pelo menos aos que as assistiram, nos encheram de dúvidas e mais dúvidas.

Entre curioso, ansioso e atento, assisti, também, no mesmo programa (ambos, aliás, coordenados pela jornalista Míriam Leitão), às sabatinas feitas aos assessores econômicos Guilherme Melo (o mais jovem), do PT; Mauro Benevides, do PDT; Pérsio Arida, do PSDB; Paulo Guedes, do PSL; e Eduardo Giannetti da Fonseca, da Rede. Todos eles são profissionais competentes e muito bem-formados.

Todos eles conhecem nossa incerteza fiscal. O Orçamento de 2019, que estará no Congresso nesta semana, prevê um déficit de R$ 139 bilhões com despesas de pessoal e da Previdência. O representante de Bolsonaro não tem medo disso e fala em liquidá-lo em um ano; os de Alckmin, Ciro e Marina, em dois; o do PT, pelo que entendi, deseja voltar à “nova matriz econômica” de Dilma Rousseff, que quebrou o país. Nenhum deles, todavia, sabe como alcançar tal proeza.

Uma coisa é certa, leitor: a democracia está em perigo, e as eleições deste ano serão diferentes de todas as outras. O Supremo Tribunal Federal (STF), outrora guardião e esperança da nação brasileira, enfrenta críticas severas, algumas procedentes. Sobre os Poderes Executivos e Legislativos (estaduais e municipais), só há o que lamentar. A desmoralização é maior ainda. E o Poder Judiciário, hein?!

Eis, então, uma ideia doida, mas talvez salvadora: por que os assessores dos candidatos, que divergem pouco acerca da crise, não se unem para definir um só projeto para ser posto em prática pelo próximo presidente, seja ele quem for? Não seria um bom caminho? Não estaria na hora de se pensar, até mesmo como legítima defesa, no país como um todo? Por onde andam, afinal, os construtores de pontes? Ou estarei doido?
Acílio Lara Resende

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