Não podemos nos restringir aos três estereótipos delineados na comédia, porque cada categoria abrange muitos tipos de organização social, moldados por diferentes processos históricos e adaptações a vários ecossistemas. Além disso, o filme é anterior à terceira revolução tecnológica, desencadeada por computadores e comunicação em tempo real. Devemos, entretanto, refletir sobre as necessidades essenciais da espécie humana e o bem-estar de uma comunidade, em situações díspares.
Povos do Oriente Médio valorizavam, 10 mil anos atrás, a apropriação privada e acumulação de bens, gerando muitas demandas que estão além da subsistência. Isso não nos garantiu harmonia nem felicidade; pelo contrário, foi sempre causa de guerras entre nações, intrigas familiares, disputas pessoais e opressão de alguns sobre muitos, com dramática divisão entre riqueza e miséria. A multiplicidade de objetos transformados em essenciais gerou desenfreada exploração do ambiente, criando um futuro nebuloso para a humanidade, pois haverá esgotamento dos recursos naturais, sendo o mais dramático a água potável.
Não podemos, de qualquer forma, imaginar que uma grande população possa viver de maneira tão simples como os !Kung do Kalahari. Para que milhões de indivíduos compartilhem um território em harmonia, são indispensáveis complexa infraestrutura, divisão social do trabalho e código de conduta imposto por uma força superior, como o Estado. Assim, as sociedades complexas da atualidade não podem refazer seu caminho, mas devem respeitar as tribos nômades que ainda existem nos cinco continentes, bem como adotar hábitos de consumo mais saudáveis, para preservar o planeta por mais tempo.
Xi viveu dramáticas experiências, mas conseguiu descartar, no “fim do mundo”, a garrafa de Coca-Cola e voltou feliz para sua aldeia, porque salvou seu povo da coisa maligna. Precisamos descobrir quais existem entre nós.
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