Todos brindarão a vitória com espumante nacional, uma vez que a crise reclama um comportamento patriótico. E, é claro, alguns deputados mais afoitos ainda tentarão arrancar de Temer favores de última hora para além dos que ele havia se comprometido a conceder.
No final, embora todos torçam pela vitória do mocinho, quem ganha é o bandido. Não ganha propriamente dito, escapa de morrer – o que na situação dele, e na contramão da vontade do espectador, significa ganhar.
Não cabe na cabeça de ninguém, a não ser na dos muitos cínicos, que Temer tenha entrado limpo e saído limpo da conversa com o empresário Joesley Batista no escurinho do porão do Jaburu.
Foi uma conversa onde o sugerido, o murmurado, a frase incompleta, a intenção por trás de cada palavra prevaleceu sobre o que foi dito de fato. “Mantenha isso, viu?” – é algo que poderia se aplicar à sentença passada ou à futura. Ou ao conjunto de obra. Linguagem só perfeitamente inteligível para os que a dominam e que sabem do que falam.
O encontro mais famoso da Era Temer quase obrigou o presidente a renunciar ao mandato. Não o derrubou simplesmente porque a ninguém interessava na época – e a cada dia interessa menos – que Temer fosse embora. Para pôr quem no lugar? Faltando pouco tempo para que ele vá embora de uma vez?
Enquanto Temer permanecer no poder haverá esperança para muita gente - dos que suplicam proteção contra os rigores da lei àqueles que carecem de mais tempo para se acertar melhor com os eleitores.
Pouco se lhes dá que a segunda denúncia confirme e seja capaz de provocar mais estragos à imagem de Temer do que a primeira. As condições objetivas não mudaram de modo a permitir um desenlace diferente. Fica, Temer! E é por isso que ele ficará.
Na vida real, fora das nuances da política, quem seguirá pagando a conta de tudo somos nós – eles, nunca. Contas de verdade, de doer nos bolsos. Prejuízos que se acumulam e só fazem crescer graças ao adiamento de medidas para corrigir os rumos do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário