terça-feira, 12 de setembro de 2017

Totalmente P da vida!

Assim estamos. Putos da vida. Com tudo. Causas quase infinitas, inesgotáveis, sequenciais, locais, regionais, nacionais e mundiais. Quando o poço já foi muito pra lá do volume morto eis que aparecem as caixinhas recheadas e mocozadas do Gedelzinho, o miúdo de goela larga da Bahia. E tem nova season dos joesleys and cia, e... e... e...

E não acaba mais nunca?

Não. Pois ontem não veio o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, já planejando calote nos aposentados? “Nós estamos prestes a não poder pagar (a Previdência)...” Oi? Tá boa, santa? É mole? Fala sério!

Pois não é que o Dyogo com ypsilone planeja mais isso pra cima de nós?

Na minha infância em Minas Gerais, quando aparecia alguém feio ou desagradável por perto, soltávamos a expressão: abriram a porta do cemitério.

Agora, abriram foi o portão central do cemitério federal. Vampiros no comando. Almas penadas pra cima de nós e, mais uma vez, vendendo até a Amazônia e o futuro a preço de ocasião. Com o apoio de muitos. E os mesmos surrados argumentos.


O pau come solto no lombo do povo – dos que bateram panela de verde amarelo, dos que, de vermelho, sonharam resistir ao pesadelo que os paneleiros pediam sem saber sabendo onde aquilo iria dar. Achavam que daquele imbróglio sairia Coca-Cola gourmet?

Saiu isso.

Recorrente. Crise política que resulta em golpe que desanda em mais crise que cai nas costas da classe média. Essa mesma velha colegagem que já deu garrafada em Pedro I e exorcizou Jango - terço na mão em contritas marchas da-família-com-Deus-pela-liberdade. Também deu apoio básico à ditadura e picaretada em presidente, de quem dois dias antes era fiscal.

Gente ativa que vestiu verde amarelo pró-Collor e preto no foraCollor. Recente foi pró-Lula pra, de virada, ser foraDilma. Agora é fora o quê mesmo?

Eita prazer de carregar bandeira pra depois apanhar do mastro!

Não tem jeito. Tá no DNA. Somos mesmo um bando sempre disposto a servir ao bando de sempre.

Preferia falar de ipês, mas com eles vem a seca. Sempre. Recorrente como nossa História que agora extrapola nos demônios todos que cevamos bem cevados em 517 anos de descobertos.

Livros e História ajudam a respirar melhor até na seca. Modestamente recomendo:

1 - Prisioneiras, de Dráuzio Varela - retrato de como é e como funciona o poder onde governos e poderes constituídos não chegam.

2 - Tancredo Neves, o príncipe civil, de Plínio Fraga – perfil do personagem e passeio pelo exercício e o oficio de fazer política. Artes de construir consensos, desditas dos dissensos.

3 - A Exposição Fallas do Throno, aberta até outubro, no Salão Negro do Senado Federal, Brasília, DF.

As Fallas do Throno eram os discursos feitos pelos nossos dois Pedros imperadores – o I e o II – e pelos regentes que governaram o país entre a abdicação do I e a maioridade do II. Dois golpes.

Com pompa, circunstância e roupa gala, imperadores e regentes davam seus recados na abertura e no fechamento dos trabalhos da Assembleia Geral Legislativa - já composta de Senado e Câmara, que se reunia de maio a setembro, no Rio de Janeiro. Os parlamentares, representantes das províncias, representavam muito bem, of course and off course, os do andar de cima.

Pedro I, mostram os documentos expostos, era marrento. Seu “imperial coração” – a expressão é dele -, a cada ano de seu governo, ia ao Legislativo e pedia exigindo. Sabe o quê? Leis para as finanças e para Judiciário, principalmente e recorrentemente.

Despacito, rola o arquivo Pedro I em 1827, 28, 29, 30:

“Um sistema de finanças bem organizado deverá ser vosso particular cuidado, pois o atual, como vereis no relatório do Ministro da Fazenda, não só é mau como é péssimo e dá lugar a toda qualidade de delapidações” (...)

(Já nesse tempo, as tais “delapidações” do erário andavam ali pelo jardim do mesmo imperador que pregava contra elas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Como sempre).

“Um ramo principal, e que muito concorrerá para este novo sistema de finanças (que eu espero ver criar e ser executado) é o Poder Judiciário” (...)

“Sem finanças e sem Justiça não pode existir uma Nação.”

Pedro II, já na sagração, em 1841, pediu “uma boa lei de eleições, o melhoramento da legislação criminal e do processo, das finanças” (...)

Dez anos depois, 1851, insistia: “Leis que sabiamente corrijam os defeitos que ainda possa apresentar a lei eleitoral para que nem a liberdade do voto nem a tranquilidade pública sofra na aplicação de um dos mais sagrados princípios da nossa Constituição” (...)

Em 1888, pediu: “leis que melhorem a condição dos juízes e tornem mais efetiva sua responsabilidade. A organização do Ministério Público é de indecrinável, como também a reforma do processo e julgamento delitos sujeitos a penas leves”(...)

Pedro I pediu e repediu mais atenção com a segurança pública e com o combate à violência nas ruas.

Pedro II, mais solene e delicado, culto e antenado, pediu inclusive por leis de proteção às riquezas do solo e do subsolo do país.

Está tudo lá, nas peças originais e preciosas, preservadas no arquivo do Senado. Registram anseios que seguem repetidos e desatendidos. Se atendidos, talvez não fôssemos, hoje, tantos e tão putos da vida. Com tudo.

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