Com popularidade de um dígito e acuado por denúncias de corrupção, o presidente Michel Temer deu-se ao luxo de protagonizar mais um fiasco – o de reunir, ontem, seis ministros, toda a cúpula da segurança pública do governo federal, o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o governador Luiz Fernando Pezão para nada anunciar de concreto a respeito do estado de violência em que vive o Rio de Janeiro.
Poucas horas antes do ato de pura propaganda do governo e de absoluta perda de tempo, a Linha Vermelha, via que liga o centro do Rio a diversos municípios, havia sido interditada pela 15ª vez somente este ano devido a tiroteios nas vizinhanças. E quatro bandidos armados assaltaram pacientes que aguardavam numa fila atendimento à porta do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE), cujo laboratório não funciona.
Não foi por falta de aviso que Temer fez o que fez. Ministros o aconselharam a deixar para outra data o anúncio de socorro ao Rio e o detalhamento do Plano Nacional de Segurança que ainda não saiu do papel. Primeiro porque os militares não estão mais dispostos a serem usados como policiais no patrulhamento de ruas. Segundo porque medidas eficazes de segurança exigem sigilo e não alarde.
Os órgãos de inteligência das Forças Armadas e mais a Polícia Federal já trabalham há mais de um mês no Rio sem que se tenha feito nenhum escarcéu em torno disso porque seria contraproducente. Em breve, algumas operações ostensivas serão deflagradas. Quanto mais segredo se guardar a respeito, menor o risco de vazamento de informações e de insucesso. Temer sabia disso, mas não resistiu a atirar no próprio pé.
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