“Se alguém pensa que com essa sentença me tirou do jogo, podem saber que eu estou no jogo”, disse Lula, em sua primeira manifestação depois de ser condenado a 9 anos e 6 meses de cadeia por corrupção. “Até agora, eu não tinha reivindicado, mas agora eu reivindico do meu partido o direito de ser candidato a presidente.” Com essas palavras, Lula acorrentou de vez os destinos do PT ao seu futuro penal.
O petismo aceita gostosamente a penitência de arrastar as correntes do seu líder messiânico. Por duas razões: 1) Falta ao partido uma alternativa. Lula não permitiu que ela surgisse. 2) O socialismo petista é movido por uma fé de inspiração cristã. O ingrediente da dúvida não faz parte do credo do PT. O partido se alimenta da certeza de que seu único líder é uma potência moral, que não deve contas senão à sua própria noção de superioridade. Tudo o que o contraria é ''lixo''.
Esse Lula mitológico é uma construção político-religiosa. O Lula de carne e osso perdeu a aura de vítima. A sentença de Sergio Moro apenas potencializou uma nova aparência que Lula já tinha. Precedido por um rastro de escândalos, o ex-mito se autoconverteu num político tradicional, suspeito de tudo o que se costuma suspeitar nessa fauna. E estão por vir novas condenações.
Rendido às conveniências de Lula, o PT vê-se impedido até mesmo de esboçar um Plano B em cima do joelho. O Plano B da legenda consiste basicamente em levar o Plano A às últimas consequências. O partido acha que vai à disputa de 2018 representado por um profeta.
E Lula, sob o risco real de se tornar um ficha-suja, trata decisões judiciais com descaso, administra sua moral transigente e se dedica com afinco à tarefa de ajudar afundar o partido que fundou.
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