Refiro-me à classe política sem nenhuma distinção de partido, ideologia ou credo. É ela que está exposta e, por essa razão, passa por momentos dramáticos de sua existência. Em toda a sua história, raramente deu bons exemplos, e só piorou de alguns anos para cá, a partir do advento da Nova República. Piorou, sobretudo, a disputa desesperada pelo poder, não para a prática do bem comum, mas em prol do bem próprio e, no máximo, dos que lhe são caros ou credores.
Mas não é só ela que nos envergonha e nos deprime. Não é só ela que compromete o sentimento de pátria, que vai sendo aviltado, esmagado, como se fosse um mal a ser evitado. É a sociedade brasileira que está seriamente doente. Políticos, empresários e também nós somos absolutamente incapazes de uma confissão pública acerca do mal que fazemos a nosso país, em todos os setores, indistintamente.
Escrevo horas antes de se iniciar o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, mas não é só disso que desejo tratar. De sua decisão espero que algo de bom suceda ao país.
Quero agora me referir, também, ao assassinato brutal e covarde, que relatei aqui no início do mês de maio, ocorrido em pequena propriedade rural, situada na região metropolitana de Belo Horizonte, no município de Florestal. Ele é mais uma prova de que faliram os políticos, faliram os empresários e falimos nós como seres humanos.
No sábado passado, fui visitar a viúva e dois de seus três filhos. Eis o fato: por volta das 21h do dia 2 de maio último, Silvânio, sua mulher, Roseli, e os gêmeos Daniela e Gabriel, de 20 anos, já haviam tomado a decisão de se recolherem ao leito. Como se sabe, a labuta, na roça, se inicia antes das cinco horas da manhã. Silvânio, de repente, deixou apressado o interior da casa, preocupado com o barulho que acabara de ouvir. Percorridos alguns metros, foi abordado por dois assaltantes. Um deles, ao vê-lo gritar pelo filho, o matou com forte paulada na cabeça. Roseli saiu pelos fundos da casa à procura de ajuda. Os gêmeos foram dominados e amarrados junto ao corpo inerte do pai.
Os assaltantes se dirigiram à casa e de lá levaram o que puderam, além de R$ 1.200, pequena economia que pertencia à mãe e aos filhos. Daniela, depois levada pelos assaltantes para dentro da casa, identificou um deles, que havia sido seu colega na escola rural.
Na polícia, os irmãos, ainda bastante amedrontados, nada disseram sobre os cruéis assassinos, que, até o último sábado, estavam soltos em Pará de Minas, sendo que um deles, conforme se comprovou por meio de várias fotos, usava o boné que furtou de Gabriel.
Espera-se que a polícia de Pará de Minas interrogue novamente os gêmeos Daniela e Gabriel e, finalmente, tome as providências necessárias, com vistas à severa punição dos culpados.
O que pedem as vítimas é apenas justiça.
Acílio Lara Resende
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