sábado, 17 de junho de 2017

Após o TSE, a Câmara sepultará escândalo vivo

A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Michel Temer ainda não chegou ao Supremo Tribunal Federal. Mas a Câmara dos Deputados, que receberá o processo para decidir se autoriza ou não o Supremo a abrir uma ação penal contra o presidente da República, já decidiu o que fazer. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, prometeu a Temer uma tramitação rápida. Não importa o teor da denúncia. O Planalto e seus aliados organizam um enterro relâmpago para a peça.


O governo alega que o Brasil não pode perder tempo. É preciso cuidar de reformas como a da Previdência. É lorota. Deve-se a pressa de Temer ao medo do presidente de ser abalroado por novas delações. O doleiro Lúcio Funaro já exercita a língua. Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, é pressionado pela família. Eduardo Cunha se aconselha com um novo advogado. Sitiado pela suspeição, Temer vive a neurose do que está por vir.

Para desassossego de Temer, o procurador-geral Rodrigo Janot adiou a apresentação de sua denúncia para a última semana do mês. Se o Brasil fosse um país lógico, os deputados não se atreveriam a arquivar as acusações de corrupção, obstrução de Justiça e formação de organização criminosa. Não há lógica em sonegar ao país a oportunidade de conhecer o veredicto do Supremo Tribunal Federal sobre a reputação do presidente. Costuma-se dizer que o brasileiro não tem memória. Mas num país em que o TSE e a Câmara enterram escândalos vivos o que falta às autoridades não é memória, mas um mínimo de curiosidade.

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