A última pesquisa do Ibope jogou um balde de água fria no pessoal da comunicação do Temer. E piscou a luz amarela sobre a performance do presidente daqui pra frente com a aprovação irrisória de apenas 10% do seu governo. Seus pronunciamentos e a forma insossa de se dirigir aos brasileiros precisam ser reavaliados por sua equipe se não quiser assistir a repetição das cenas de ruas que desalojaram a Dilma do poder quando tinha esses mesmos percentuais de popularidade. A inflação está controlada, mas a economia, dirigida por Henrique Meirelles, mostra fôlego apenas nos pronunciamentos oficiais do Ministro da Fazenda pois no atacado não é isso que se vê: o desemprego já está alcançando o perigoso índice de 14 milhões de pessoas sem trabalho e o país não sai da inércia econômica.
Temer parece imobilizado dentro de um carro enguiçado de uma marcha só. Suas medidas de reformas são atacadas pelos próprios parceiros dentro do PMDB. Um deles, Renan Calheiros, líder do partido no Senado, já disse que a reforma da Previdência tem que ser revista e rediscutida dentro do parlamento, assim como o projeto da terceirização. Sinaliza a dificuldade que Temer terá para aprovar os projetos do governo e tentar botar o país no rumo do desenvolvimento. Com a popularidade lá embaixo, os políticos ficam cabreiros para apoiá-lo abertamente, principalmente os do Nordeste que acompanham as pesquisas da liderança do Lula na região.
Ora, como se sabe, político tem o faro do voto. E se o Temer permanecer com essa assustadora rejeição, a debandada dos políticos nordestinos será geral. Ninguém, a pouco mais de um ano das eleições, quer acompanhar um presidente ignorado pelo povo, mesmo em inaugurações de obras. O Brasil viu o que aconteceu com a Dilma quando a sua popularidade despencou. O povo foi às ruas, os políticos desapareceram, a sua base no parlamento esfacelou-se e ela ficou isolada como se tivesse uma doença contagiosa.
A Dilma caiu. Nem a base sindical do PT conseguiu amparar a ex-presidente indo às ruas com a bandeira do golpe. O povo, soberano, sabe o momento de erguer e derrubar um governante quando necessário, como já ocorreu também com Collor. A situação do Temer ainda é pior do que a da Dilma, que tinha a resguardá-la centrais de trabalhadores. O PMDB do presidente não tem influencia nessa área e pega carona nos sindicatos anti-PT.
Ora, a situação de Temer não é nada confortável, como mostram as pesquisas. Além disso, ainda tem que juntar os cacos do seu partido no Congresso, se livrar da cassação da chapa (Dilma/Temer), reordenar a economia para gerar emprego e renda, manter a contragosto os empregos do Moreira Franco e Padilha, mesmo sabendo que eles são vigiados noite e dia pela turma da Lava Jato, e equilibrar as finanças do país destroçadas pela dupla Lula/Dilma.
Há, na verdade, um descontrole administrativo no país que ainda não foi sanado. Quando assumiu o governo, Temer disse aos ventos que iria enxugar a máquina estatal, reduzindo ministérios e demitindo os cargos comissionados ocupados pelos sindicalistas ociosos. Quase um ano depois o que se vê é exatamente o contrário. Como informou Cláudio Humberto, aqui no Diário do Poder, os reajustes salarias sancionados por Temer fizeram a despesa saltar de R$ 4,9 bilhões em maio de 2016 para os atuais R$ 5,6 bilhões mensais, mesmo demitindo 2 mil cargos comissionados. Uma titica para um país que está na bancarrota e ainda tem mais de 100 mil cargos de confiança e funções gratificadas.
Com essa carga de problemas, altíssima rejeição, uma comunicação medíocre e a timidez de sair pelo Brasil pregando um novo tempo, um novo governo, Temer não pode exigir que o povo o carregue nos braços como o salvador de um país despedaçado ética, moral e economicamente. E muitos menos esperar que os políticos que pensam em sobreviver às eleições 2018, principalmente do Norte/Nordeste, abracem as suas causas.
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