quarta-feira, 5 de abril de 2017

Paradoxo: quanto mais provas, menor é o risco

O julgamento do processo sobre a cassação da chapa Dilma-Temer vai se tornando uma novela cada vez mais paradoxal. Ao decidir colher novos depoimentos, sobretudo do marqueteiro João Santana e da mulher dele Monica Moura, agora convertidos em delatores da Lava Jato, o Tribunal Superior Eleitoral abriu a perspectiva de empurrar para dentro do processo novas provas. Mas para que essas provas sejam obtidas, o tribunal atrasou o calendário do julgamento, exatamente como desejava Michel Temer.


As provas já existentes no processo são mais do que suficientes para justificar a cassação de Temer e a decretação da inelegibilidade de Dilma. As revelações feitas pelos delatores da Odebrecht não deixam dúvidas quanto ao abuso do poder econômico praticado pela chapa vitoriosa na disputa presidencial de 2014. Mas há um esforço de agentes políticos, econômicos e até de magistrados para encontrar uma porta de emergência por onde Temer possa ser retirado do meio do incêndio.

Hoje, não há político nem empresário que aposte na interrupção da Presidência de Temer. As chances de afastamento do presidente diminuem na proporção direta da aproximação do ano eleitoral de 2018. Ainda que fosse cassado pelo TSE, o que parece improvável, Temer ainda poderia recorrer ao Supremo Tribunal Federal. A conveniência econômica talvez condene a história brasileira a conviver com o incômodo de um crime eleitoral sem punição. Por sorte, o brasileiro já se habituou a olhar para sua história como um passageiro que viaja num avião sabendo que sua bagagem viaja em outra aeronave.

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