Acossado por Renan Calheiros, que até ontem era um soldado a serviço da governabilidade, Michel Temer disse que não pode “ficar brigando com quem não é presidente da República.” Engano. Sempre que um presidente não aproveita uma oportunidade para reafirmar sua autoridade, acaba se transformando em oportunidade que gente como Renan aproveita.
Com a reforma da Previdência, Temer enfrenta um tipo de adversidade que lhe sonega os papeis que desempenhou até aqui. Já não pode culpar Dilma. E não adianta apenas dizer que tem a força no Congresso. Chegou a hora de entregar a mercadoria.
Ao assumir, Temer acenara com um governo de salvação nacional. Mas sua infantaria parlamentar infirma que, antes de salvar o Brasil, quer salvar a própria pele. Já que não conseguem estancar a sangria da Lava Jato, os aliados de Temer tramam o voto em lista e se esquivam de reformas que coloquem em risco a reeleição e o escudo do foro privilegiado. Num primeiro recuo, Temer jogou pelo ralo uma economia estimada R$ 115 bilhões. Talvez tenha que recuar mais um pouco.
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