Mas, entre vice-presidentes dos Correios e técnicos da empresa, parece que a falta de dinheiro não é problema. Desde 17 de março, um grupo de executivos está viajando pela Europa, num tour bancado integralmente pela estatal. A viagem vai durar até o dia 26 e contemplará quatro países.
O mais entusiasmado da viagem é Eugenio Walter Pinchemel Montenegro Cerqueira, vice-presidente Corporativo dos Correios. Ele adicionou, no Facebook, nove fotos e um vídeo. Na mensagem, ressalta as belezas de Berlim, na Alemanha. Para comprovar o entusiasmo dele, veja a reprodução abaixo.
Pela autorização de viagem publicada no Diário Oficial da União, apenas uma cidade na Alemanha está prevista no roteiro: Leipzig. Não há previsão de os executivos dos Correios irem para Berlim ou Hanôver. Certamente, como dinheiro ali não é problema, mesmo os Correios estando como rombo superior a R$ 4 bilhões, não havia porque deixar de dar uma esticadinha. Basta apresentar as notas, que a empresa pagará. Mesmo que isso signifique impor mais restrições à grande maioria dos empregados da estatal.
Alertado por amigos, Eugênio retirou todas as fotos de sua viagem do Facebook. Afinal, não haveria porque esfregar a gastança na cara de todos os funcionários dos Correios, que só poderão tirar férias um mês antes de completarem dois anos de trabalho ininterruptos.
Não se estranha tudo o que está ocorrendo nos Correios, a empresa, assim como todas as estatais, vem sendo loteada por indicações políticas em troca de apoio no Congresso. Os prejuízos acumulados decorrem da má-gestão, de negócios fechados sem embasamento técnico e do despreparo dos gestores. Mas por que se importar com isso se o controlador dos Correios é o Tesouro Nacional, que, no frigir dos ovos, acabará cobrindo os buracos nas estatais?
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