O problema é: satisfeitas estas exigências básicas, em quem votar? Na direita, não. Alckmin é um provinciano cartorial (futuro “socialista”?), cabecinha menor que a de um pardal. Mas também não votaria em Aécio, burguesinho mimado. Nem em Serra, com sua trajetória de autodegradação.
Mas e à esquerda? Também não dá, está muito difícil. Lula vem se apresentando seguidamente como salvador da pátria, sujeito talhado para tirar o Brasil da merda em que o país se encontra. Fanáticos à parte, acho que nem ele e Rui Goethe Falcão acreditam nisso.
O que me impressiona, como delirioso ou até patológico, é que Lula fala com a cara mais limpa do mundo, como se não tivesse culpa alguma no cartório. Mas Lula mente tanto quanto Dilma.
Me lembro de uma roda de conversa masculina, em Furnas (MG), durante a campanha de 2002. Estávamos eu, Ricardo Kotscho, Duda Mendonça e outros. O assunto era sexo e cada um contava uma proeza maior que a do outro – homem falando de sexo mente mais que pescador.
Quando, no giro da conversa, sobrou para Lula, ele cortou com segurança e seriedade: “Já fiz muita coisa errada com minha mulher, mas chega. Se Marisa tiver de sofrer, vai ser pela mão de Deus ou do destino. Pela minha, não”.
Fiquei impressionado com sua integridade. Pura fachada. Anos depois, o país inteiro saberia, pelo estardalhaço nacional da mídia, que já ali ele andava de xodó com Rose Noronha, que logo passaria a carregar escondida no “aerolula”, em viagens ao exterior.
E Lula continua o mesmo. Apresenta-se como salvador da pátria como se nada tivesse a ver com a crise instaurada no país. E tem. Duplamente.
Primeiro, porque foram os governos PT-PMDB, juntos com a Odebrecht, que arrastaram o país ao pântano. Segundo, porque, embora continue se proclamando a alma mais honesta do país, nosso São Francisco de Assis é réu em cinco inquéritos, três dos quais relacionados ao petrolão.
Que o discurso de Lula, apontando para a presidência, tenha sido feito em Salvador, não me espanta. A Bahia será a última região do país a perceber que Lula e o PT já eram.
O velho Octávio Mangabeira (democrata que foi governador local, frasista incorrigível, avô de Roberto Mangabeira Unger) já dizia: “Na Bahia, tudo é tão lento e atrasado que, quando o mundo acabar, a notícia vai demorar um mês para chegar lá”.
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