sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Há um réu na linha de sucessão da Presidência!

Na última terça-feira, em debate na Ordem dos Advogados do Brasil, Renan Calheiros definiu o modelo político brasileiro como “caquético”. Afirmou que “é hora de fazer mudanças radicais em um sistema que está falido e fedido.” Decorridas 48 horas, o Supremo Tribunal Federal confirmou o diagnóstico. Ao enviar Renan para o banco dos réus, a Suprema Corte sinalizou que o Senado brasileiro é presidido por um político um tanto malcheiroso e com prazo de validade vencido.

Na ação penal que o Supremo acaba de inaugurar, Renan responderá pelo crime de peculato. No português das ruas, acusam-no de desviar verbas públicas em proveito particular. O caso envolve o recebimento de propinas de uma empreiteira, para custear a pensão de uma filha que o senador teve fora do casamento. Protagonista de 12 processos judiciais, Renan tornou-se evidência viva da necessidade das “mudanças radicais” que Renan considera inadiáveis.

Renan tiro pela culatra no judiciario virou reu

No Brasil, um país onde alguns políticos suprimiram dos seus hábitos o recato, réus e investigados circulam normalmente pelos corredores do Congresso e pelo noticiário da tevê sem que as crianças sejam retiradas da sala. Se Renan enxergasse Renan refletido no espelho, talvez renunciasse à presidência do Senado. Mas o personagem, como tantos outros, acha que nenhuma revelação será capaz de abalar o seu prestígio.

Há um réu na linha de sucessão da Presidência da República. Mas a banda muda do Congresso acha tudo muito normal. No momento, a prioridade de réu que comanda o Senado é a aprovação de um projeto sobre abuso de autoridades como juízes e procuradores. E todos acham normal. O governo de Michel Temer pede aos brasileiros que, em nome da governabilidade, finjam que Renan não é Renan.

Amanhã, se Temer, o improvável, e Rodrigo Maia, o inacreditável, viajarem juntos para o exterior, Renan, o inaceitável assumirá a Presidência da República. E ninguém se espanta. No Brasil, parece não haver espaço para mais do que dois tipos de pessoas: ou o sujeito é cínico ou se faz de bobo. Vamos lá, ânimo, gente. É pela governabilidade!

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