É mesmo?
Querem um exemplo de quão perdido está o partido? Tomem o caso de Tarso Genro. Em 2005, quando explodiu o mensalão, ele defendeu, ora, ora, a refundação do partido. Assumiu pouco depois a presidência da sigla. Refundou o quê? Nada. Em 2006, vai para o Ministério das Relações Institucionais e, no ano seguinte, para o da Justiça, onde ficou até 2010.
Ora, vimos isso há meros três meses. Em carta aberta aos petistas, o doutor recomendou que o PT se mantivesse longe da disputa pela presidência da Câmara e censurou os companheiros de partido que apoiaram a candidatura de Rodrigo Maia. Num dado momento, escreve:
“Esta crise não foi inventada pela mídia nem pelos Procuradores. A mídia oligopolizada e uma parte não significativa, em termos quantitativos, do Judiciário e de outros aparatos do Estado – opositores radicais do projeto que representamos – souberam, isto sim, manipular nossos erros políticos, equívocos de gestão e mesmo a ilusória sensação de impunidade (que às vezes leva ao delito), que afetou em alguma medida parte de companheiros nossos. Manipulando contra toda a evidência, porém, vincularam artificialmente a Presidenta à corrupção e assim promovem a sua derrubada, colocando no Poder uma Confederação de Denunciados e Investigados.”Alguém poderá dizer: “Bem, é melhor do que Rui Falcão, que não admite erro nenhum”. Ora, a questão é saber o que Tarso propõe como profilaxia para aquilo que chama “nossos erros”. Mais: que renovação seria essa que parte do princípio de que existe uma “mídia oligopolizada” e de que a queda de Dilma e a derrocada do PT decorrem da oposição que setores da sociedade brasileira fazem a seu “projeto”.
Qual projeto?
O PT é um paciente terminal, entre outras razões, porque seus doutores se negam a enxergar a doença. Há uma boa possibilidade de que assim seja porque o partido só entende a própria estruturação e a própria configuração segundo aquilo que a lei define como “organização criminosa”.
Nesses termos, não pode haver refundação, autocrítica ou mea-culpa.
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