— No interior do Maranhão tinha isso, não. Lá a gente apanha água e num gasta. Não é que nem aqui — lamenta o agricultor, que há cinco anos mudou-se com a esposa para uma cidade onde o reajuste da tarifa de água avança sem crise (10,9%, em 2015, e 17,1%, em 2016).
— A água que Deus deu pra gente foi de graça. Tem vizinho de casa igual a nossa, que paga é R$ 100 todo mês — completa dona Deusamar, que ganha um terço deste valor semanalmente, como quebradeira de coco babaçu.
Saneatins, a "propeitária" da água |
Quem leva um naco da aposentadoria do seu José não é a prefeitura de Carrasco Bonito nem o governo do Tocantins: é a Odebrecht Ambiental, por meio de sua empresa Saneatins, concessionária de água de 47 cidades do estado (ou 80% da população). Apenas no ano passado, ela faturou mais de meio bilhão de reais nos contratos com consumidores e governo. Documentos da Lava-Jato trazem os primeiros indícios do preço pago para garantir a supremacia da água justamente onde ela parece fazer mais falta.
Uma planilha apreendida pela Polícia Federal mostra que contratos da Odebrecht com três fornecedoras — a DAG Construtora, SPE Sanear e Construtora Saga — serviam para viabilizar pagamentos de interesse do grupo baiano, como doações eleitorais e pagamentos em espécie. A concessionária de água da Odebrecht no Tocantins é citada. As três empresas são vinculadas a pagamentos da Saneatins ao lado de uma observação: “terrenos, pagamentos diversos e 450.000 (espécie)”.
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