Cunha não era líder nem modelo de coisa alguma para os milhões de famílias brasileiras que clamavam às instituições em inolvidáveis e pacíficas concentrações cívicas. Ele era apenas o sujeito que tinha na mão a caneta que podia fazer andar o processo. E note-se: fez o possível e o impossível para esfriar as manifestações. Ao insistir na tese de que o impeachment não era uma iniciativa do povo nas ruas, mas um plano de Eduardo Cunha, o PT cuidava de transferir ao procedimento a improbidade do infame presidente da Casa.
A história haverá de registrar que há apenas sete meses, no domingo 13 de março deste ano, deputados, senadores, ministros do STF, dirigentes de partidos políticos e demais membros da cúpula do Estado brasileiro, acomodaram-se em seus sofás para assistir as manifestações pelo impeachment. Se fossem pouco expressivas, ele estaria cancelado. O que testemunharam, porém, foi o rugido das avenidas e praças do Brasil, a assombrosa mobilização de 6 milhões de cidadãos cobrando deles, em seus sofás, o cumprimento dos respectivos deveres. Ali Dilma perdeu o mandato. Além da motivação por crime de responsabilidade, sobrava motivação política. Eduardo Cunha? Ora, o Cunha! Juntou-se aos seus. Ele foi o estafeta do requerimento e o 38º artifício petista contra a vontade soberana da comunidade nacional.
Nesta semana, foi fornecida e autenticada a prova de que o povo brasileiro vale muito mais do que imagina quem jogou o país na sinistra situação em que se encontra. Só entre os membros da organização criminosa, em qualquer lado do balcão, a prisão de Cunha causou taquicardia e hipertensão arterial. A população? Ah! A população festejou o evento. Vibrou com a iniciativa de Sérgio Moro, naquelas horas em que o solitário ex-presidente da Câmara seguia para Curitiba. E uma lufada de ar mais puro varria os céus da República.
Percival Puggina
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