Éramos mesmo um povinho que não sabia de eleição. Até se voltava para presidente e para vice-presidente - ninguém de hoje imagina - , e podiam ser eleitos um de um partido e outro do partido adversário. Tudo convivendo no governo! Um absurdo!
Prefeitinho pé de chinelo se esparrama pelo mundo em viagens para conquistar investimentos, usa helicóptero para chegar ao trabalho (ugh!) e ainda pode ascender socio-economicamente, garantir patrimônio até a quinta geração. É ou não uma evolução?
Não ficam atrás os vereadores, que abandonam os trabalhos de barraqueiro, de comerciante, de não-faz-nada, para seguir carreira política. Mais rendosa e mais adequada ao politicamente correto de se dar condições mínimas de sobrevivência a quem tem tanto a fazer e ainda sequer completou a educação de 2º grau. Agora podem desfrutar de muito tempo regiamente pago para se dedicar ao sustento familiar e educação.
E como era antes dessa evolução?
Vereador, até mesmo sem dinheiro para comprar carrinho furreca, ia nas pequenas cidades de charrete de aluguel para o trabalho. Incrível que isso era quatro vezes por semana, religiosamente!
E o prefeito, então, sofria. De manhã, despachava na Prefeitura até a hora do almoço, quando passava no boteco. Eram dois dedos de prosa e três de branquinha para abir o apetite antes da obrigação de almoçar em casa. Fazia a sesta e seguia para despachar normalmente em sua loja (ou consultório), porque precisava de um segundo emprego.
Quanto progredimos! Prefeito de qualquer merreca de cidade, que nunca teve emprego, hoje trabalha muito para fazer jus ao salário. Anda de carro, blindado e com segurança, para lá e para cá, almoça em restaurante, desfruta de esbórnias gastronômicas e outras. Fica, coitado, até sem tempo de andar pela cidade. Ainda mais com essa falta de segurança seria mesmo um crime que fosse à rua sem blindagem.
Sem darmos conta, a evolução eleitoral e política é assustadora no Brasil. Sem par no mundo, também diga-se. Pena que ainda sejamos nesta evolução do século XXI ainda exageradamente caiçaras para espíritos minimamente éticos.
Luiz Gadelha
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