Sendo assim, melhor ninguém se entusiasmar com os editoriais dos jornais ou a euforia dos locutores e comentaristas de rádio e televisão, a respeito de o Brasil ter amanhecido outro, diferente e promissor, por conta da deposição de Dilma Rousseff na véspera. Ou por dispormos de um novo presidente, senão cheio de promessas, ao menos disposto a minorar os efeitos da crise econômica.
É verdade que Michel Temer mandou-se para a China, quando deveria estar se mostrando por aqui, ou melhor, começando a trabalhar. Mas é preciso insistir: o país não mudou um milímetro, exceção de Madame ter sido afastada e seu substituto ter assumido, apesar de há mais de cem dias estar nas telinhas e nas primeiras páginas como interino.
Temer fica devendo uma apresentação por inteiro, em especial sobre os sacrifícios que exigirá da população e com quem espera contar para eles. Itamar Franco, na mesma situação, reuniu os líderes de todos os partidos e disse que renunciaria caso não dispusesse da boa vontade de todos na busca de soluções para os graves problemas nacionais. Só o PT saltou de banda, colhendo depois duas derrotas do Lula para Fernando Henrique. Bem feito, mas a perspectiva, para agora, parece igual.
Ficam o vazio e a interrogação: como conter o desemprego que ultrapassou doze milhões de trabalhadores? De que maneira retomar o crescimento econômico reduzindo conquistas sociais e abrindo maiores espaços para os privilégios das elites.
Ficam o vazio e a interrogação: como conter o desemprego que ultrapassou doze milhões de trabalhadores? De que maneira retomar o crescimento econômico reduzindo conquistas sociais e abrindo maiores espaços para os privilégios das elites.
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