Deixei um bilhete, com o telefone do hotel onde estava hospedado (o “Argentine”, ao lado do Arco do Triunfo). No dia seguinte, um recado do Presidente. Esperava-me para uma conversa. Conversamos horas. O Castelinho tinha razão. A ditadura militar estava assassinando Jango.
Finda a guerra, o diretor M Machenaud, serviçal e puxa saco, foi preso e executado pelas tropas de De Gaulle. Em agosto de 45 os nazistas derrotados foram substituídos por gente melhor, como Marlene Dietrich e Jean Gabin, a divina Edith Piaf, o automobilista argentino Manoel Fangio, Evita e Juan Perón, Ella Fitzgerald, Scott Fitzgerald, o poeta Ezra Pound, o cantor Ray Charles, a atriz Jane Mansfield, o ator Curt Jurgens, o cineasta Luis Buñuel, de novo Perón em 73, já agora com sua Izabelita.E Pavarotti. Jango espichava a dura perna direita, olhava os móveis e cortinas do bar, bebia mais um uísque, ficava calado e infinitamente triste. Ia morrer.
Voltei ao Brasil lendo a excelente biografia de João Goulart, bem documentada e sobretudo verdadeira, do professor e historiador Jorge Ferreira, da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do CNPQ. Não era novidade para quem conhecia suas exemplares e convincentes pesquisas sobre o trabalhismo brasileiro: “O Imaginário Trabalhista – Getulismo, PTB e Cultura Política Popular”, “Prisioneiros do Mito – Cultura e Imaginário Político dos Comunistas no Brasil”, “O Populismo e sua Historia”.
Jango viajara para a Europa para fugir das ameaças que passara a sofrer na Argentina e tomar providências para encontrar uma residência em Paris, onde residiria até o retorno ao Brasil.
Em Paris, Jango encontrou-se com Abelardo Jurema e José Gomes Talarico, a quem pediu que procurasse Mário Soares para agradecer-lhe o convite para ir a Portugal. Não deveria aceitar, pelo constrangimento que causaria ao líder português, no início do mandato. Mas pedia que ele regularizasse a situação dos exilados brasileiros. Mário Soares manifestara preocupação com Brizola vivendo sob a ditadura uruguaia. E sugeriu que ele fosse para Portugal. Brizola foi.
O médico suíço concluiu que o coração de Jango era frágil como o de um homem de 80 anos, quando, na época, tinha 56. O médico francês disse que sem perder peso e parar de fumar a medicina nada poderia fazer:
-“Monsieur President, si on ne veut pas vivre, on ne vit pas.” (“Senhor Presidente, se não se quer viver, não se vive”)
Negava-se a parar de fumar. Escreveu para Cláudio Braga:
– “Estou concluindo exames com resultados bem razoáveis, especialmente considerando que não me sujeito a prescrições”.
Em dezembro de 76 Jango morria numa fazenda na Argentina. Por mais que fuçassem sua vida, os militares brasileiros e americanos nada encontraram para denunciá-lo. Seus ministros da Fazenda eram Moreira Sales e Santiago Dantas. Não eram o prisioneiro Mantega nem Palocci.
Jango viajara para a Europa para fugir das ameaças que passara a sofrer na Argentina e tomar providências para encontrar uma residência em Paris, onde residiria até o retorno ao Brasil.
Em Paris, Jango encontrou-se com Abelardo Jurema e José Gomes Talarico, a quem pediu que procurasse Mário Soares para agradecer-lhe o convite para ir a Portugal. Não deveria aceitar, pelo constrangimento que causaria ao líder português, no início do mandato. Mas pedia que ele regularizasse a situação dos exilados brasileiros. Mário Soares manifestara preocupação com Brizola vivendo sob a ditadura uruguaia. E sugeriu que ele fosse para Portugal. Brizola foi.
O médico suíço concluiu que o coração de Jango era frágil como o de um homem de 80 anos, quando, na época, tinha 56. O médico francês disse que sem perder peso e parar de fumar a medicina nada poderia fazer:
-“Monsieur President, si on ne veut pas vivre, on ne vit pas.” (“Senhor Presidente, se não se quer viver, não se vive”)
Negava-se a parar de fumar. Escreveu para Cláudio Braga:
– “Estou concluindo exames com resultados bem razoáveis, especialmente considerando que não me sujeito a prescrições”.
Em dezembro de 76 Jango morria numa fazenda na Argentina. Por mais que fuçassem sua vida, os militares brasileiros e americanos nada encontraram para denunciá-lo. Seus ministros da Fazenda eram Moreira Sales e Santiago Dantas. Não eram o prisioneiro Mantega nem Palocci.
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